segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Criptomoedas e a Tecnologia Blockchain


Uma criptomoeda é qualquer tipo de dinheiro digital ponto-a-ponto (peer-to-peer), operacionalizado com tecnologia Blockchain. Desde o surgimento do Bitcoin em 2009, foram criadas centenas de novas criptomoedas (as chamadas altcoins), que oferecem diferentes vantagens e desvantagens em relação ao Bitcoin. A Blockchain é baseada nos princípios da criptografia, daí o nome "criptomoedas".

Tópicos Relacionados:
O Bitcoin é uma criptomoeda digital descentralizada, de código aberto, ponto-a-ponto. Protegida pela tecnologia Blockchain, sua característica principal é a descentralização, ou seja, a falta de autoridade central - como um banco central ou um ministério das finanças. A emissão e a circulação da Bitcoin são asseguradas pelos usuários regulares através de um processo conhecido como "mineração Bitcoin". O Bitcoin pode ser enviado a qualquer lugar, a qualquer hora, (quase) de graça, e com pouca consideração pelas fronteiras nacionais ou restrições impostas por governos ou bancos.
Ethereum é uma plataforma descentralizada para aplicações. É alimentada pela Ether - uma criptomoeda, que por sua vez tem o suporte da tecnologia Blockchain. As aplicações são construídas com o uso de contratos inteligentes - algoritmos de computador, autoexecutáveis com base em dados recebidos da rede. O automatismo de tais aplicações permite que elas funcionem sem os problemas de confiabilidade associados a operadores humanos.
Altcoins, que significa "moedas alternativas", é outro termo para criptomoedas (que não seja a Bitcoin). Desde o lançamento da Bitcoin em 2009, muitos notaram suas vantagens cruciais em relação ao dinheiro do governo, ao mesmo tempo que reconhecem o fato de que alguns de seus aspectos podem ser melhorados. Isso levou ao surgimento de centenas de altcoins, que são, em última instância, baseadas na mesma tecnologia Blockchain, porém projetadas com algumas diferenças, a fim de atingirem objetivos diversos.
As moedas digitais são dinheiro cujas características têm como base a Internet. São diferentes do dinheiro físico (moedas, notas de banco) na medida em que não têm uma manifestação física no mundo real. Em vez disso, são transferidos entre as partes instantaneamente, através de comunicação on-line. Tais moedas digitais, também desempenham funções semelhantes às de outras formas de dinheiro. Criptomoedas, como a Bitcoin, são um exemplo importante de moedas digitais.
https://cointelegraph.com/tags/cryptocurrencies
  • Tecnologia Blockchain
A Blockchain é uma tecnologia que permite a transferência (peer-to-peer) rápida, segura e transparente de produtos digitais, incluindo dinheiro e propriedade intelectual. No assunto cripto-mineração  e investimento, é um tópico importante a ser compreendido.

O que é a Blockchain: um breve guia
Por que a Blockchain é necessária?
Apesar de ser um dos tópicos mais falados nos últimos tempos, porém ainda mal-entendido, a blockchain está revolucionando o modo como as transações digitais são conduzidas e, eventualmente, poderá mudar a forma como várias indústrias realizam suas atividades diárias.
Duas palavras que rapidamente se tornaram parte do vernáculo popular são bitcoin e blockchain, muitas vezes usadas ​​de forma intercambiável, mesmo que isso nem sempre se aplique. Embora estejam relacionados de certo modo, esses termos se referem à duas coisas muito diferentes.
Importante:Um dos principais benefícios da blockchain reside na sua transparência, pois os registros acima mencionados funcionam como um diário vivo e permanente de todas as transações ocorridas entre as partes.
Cada vez que ocorre uma transação, como uma parte enviando bitcoin diretamente para outra, os detalhes desse negócio - incluindo sua origem, destino e data / horário - são adicionados ao que é chamado de um bloco.
Tal bloco contém a transação deste exemplo, juntamente com outros tipos semelhantes de transações ocorridas e enviadas recentemente, geralmente nos últimos dez minutos ou mais, quando você está lidando com bitcoin em particular. Os intervalos podem variar de acordo com a cadeia específica de blocos e sua configuração.
Importante: A validade das transações dentro do bloco criptograficamente protegido é verificada e confirmada pelo poder de computação coletiva dos mineradores dentro da rede em questão.
De forma individual, os mineradores são computadores que estão configurados para utilizar suas GPU e / ou ciclos de CPU para resolverem problemas matemáticos complexos, passando os dados do bloco através de um algoritmo verificador até encontrar uma solução. Uma vez resolvido, o bloco e todas as suas respectivas transações foram legitimados. Um prêmio (Bitcoin, neste exemplo, mas poderia ser Litecoin ou alguma outra moeda) é então atribuído e dividido entre os computadores que contribuíram para a verificação bem sucedida.
Dica: Agora que as transações dentro de um bloco são consideradas válidas, ele é anexado aos demais blocos recentemente verificados da cadeia, criando um registro sequencial visível para todos os que desejarem.
Este processo continua indefinidamente, expandindo os conteúdos da cadeia de blocos, e fornecendo um registro público confiável. Além de ser constantemente atualizada, a cadeia e todos os seus blocos são distribuídos pela rede para um grande número de máquinas.
Isso garante que a versão mais recente desse registro descentralizado exista praticamente em todos os lugares, tornando quase impossível existir fraude.
A conectividade peer-to-peer na Internet existe há bastante tempo, em vários formatos, permitindo a distribuição de ativos digitais diretamente de uma pessoa ou empresa para outra.
Como já podemos enviar esses bits e bytes de um ponto para outro, qual o objetivo de usar a blockchain?
O comportamento da cadeia de Bitcoin é o exemplo perfeito para responder a esta pergunta. Imagine por um momento que não existe nenhuma blockchain, e que você tivesse um bitcoin em sua posse, e com um identificador exclusivo atribuído a ele.
Agora, digamos que você queria comprar uma nova televisão de uma empresa que aceite criptomoedas, e que essa nova e brilhante TV custe um bitcoin.
Infelizmente, você também precisará devolver a um amigo o bitcoin que pegou emprestado dele no mês passado.
Em teoria, sem a tecnologia blockchain, o que lhe impediria de transferir esse mesmo bitcoin digital para o seu amigo e para a loja de eletrônicos?
Esta prática desonesta, chamada de gasto duplicado, é uma das principais razões pelas quais as transações digitais peer-to-peer nunca foram realmente levadas a sério, até agora. Com a blockchain, que não só distribui um registro público de todas as transações, mas verifica um bloco antes de cada uma de suas transações individuais ser finalizada, a possibilidade dessa atividade fraudulenta é essencialmente eliminada.
No passado, não tínhamos escolha senão confiar em intermediários, como bancos e processadores de pagamento, para validar essas transações e garantir que tudo estava correto, por uma taxa nominal, é claro. A tecnologia blockchain nos permite transferir verdadeiramente nossos recursos digitais de um ponto A para o ponto B, seguros ​​de que existem controles e balanços confiáveis no percurso​​.

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Et si tu n'existais pas - Joe Dassin - tradução livre



Veja o vídeo com a letra original, em francês 

Se você não existisse


E se você não existisse
Diga-me porque eu existiria

Para vagar em um mundo sem você
Sem esperança e sem lembranças

E se você não existisse
Eu teria que inventar amor

Como um pintor que observa sob os dedos
O nascer das cores de um dia
Que não volta 

E se você não existisse
Diga-me por quem eu existiria

As que dormirem em meus braços
Eu jamais amaria

E se você não existisse
Eu seria apenas mais um

Neste mundo que vem e vai
Me sentiria perdido
Preciso de você

E se você não existisse
Diga-me como eu existiria

Eu poderia fingir ser
Mas não seria de verdade

E se você não existisse
Acho que eu teria encontrado

O segredo da vida, o por quê
Apenas para criar você
Para ver você

E se você não existisse
Diga-me porque eu existiria

Para vagar em um mundo sem você
Sem esperança e sem lembranças

E se você não existisse
Tentaria inventar amor

Como um pintor que observa sob os dedos
O nascer das cores de um dia
Que não volta

Veja o vídeo com a letra original, em francês 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Sopa de cérebro da brilhante neurocientista BRASILEIRA Suzana Herculano-Houzel


Para Desbloquear os Mistérios do Cérebro, Esmague-o

Uma neurocientista da Vanderbilt descobriu uma maneira incomum, mas chocantemente eficaz, de estudar o nosso órgão mais enigmático.


Por Ferris JabrUm


Junho de 2012, no aeroporto internacional de São Paulo, Suzana Herculano-Houzel carregou duas pesadas malas para uma esteira de raios-X. À medida que a bagagem passava pelo scanner, os olhos do agente aduaneiro se arregalaram. As malas não continham roupas, artigos de higiene pessoal ou qualquer dos acessórios habituais de viagem. Em vez disso, elas estavam recheadas com mais de duas dúzias de pacotes curiosamente embrulhados, cada um contendo uma bolha amorfa suspensa em líquido. O agente pediu que Herculano-Houzel abrisse as malas, suspeitando que ela estivesse tentando contrabandear queijo fresco para o país; momentos antes duas pessoas haviam sido flagradas fazendo exatamente isso.
"Não é queijo," - declarou a suspeita - "são apenas cérebros."
Ela, uma neurocientista, explicou que acabara de voltar de uma expedição de pesquisa incomum, mas completamente legal, na África do Sul, onde coletou cérebros de diversas espécies: girafas, leões, antílopes, mangustos, hienas, gnus e ratos do deserto. E estava trazendo os órgãos, selados em recipientes com anticongelante, de volta ao seu laboratório no Rio de Janeiro. Os agentes alfandegários analisaram sua extensa coleção de licenças e documentação, e finalmente a deixaram passar com as malas no carrinho.
O cérebro é algo precioso, e contém grande parte dos mistérios não solucionados da ciência. O que não sabemos sobre o cérebro ainda esconde muito do que fazemos. Não sabemos como o cérebro gera consciência. Não temos certeza sobre por que dormimos e sonhamos. As causas precisas de muitas doenças mentais e distúrbios neurológicos nos escapam. Qual é a forma física de uma memória? Temos apenas suspeitas. Ainda não quebramos o código neural: ou seja, como as redes de neurônios usam sinais elétricos e químicos para armazenar e transmitir informações. Até muito recentemente - até Herculano-Houzel publicar uma importante descoberta em 2009 - nem sequer sabíamos quantas células o cérebro humano continha. Pensávamos que sabíamos.
Antes do avanço de Herculano-Houzel, havia uma teoria dominante sobre o cérebro humano, repetida por cientistas, livros didáticos e jornalistas. Era a seguinte: grandes cérebros são melhores do que cérebros pequenos, porque contêm mais neurônios, e,  ainda mais importante; a relação entre o tamanho do cérebro e do corpo. Os animais mais inteligentes possuem cérebros excepcionalmente grandes para o seu tamanho corporal. Os seres humanos têm um cérebro sete vezes maior do que o esperado dado o nosso tamanho total - uma proporção sem rivais. Então, dizia a teoria, algo deve ter acontecido no decurso da evolução da espécie para privilegiar o cérebro humano, inchar suas proporções muito além do que é típico em outros animais, mesmo os nossos espertos primos macacos e primatas. Como resultado, nos tornamos os cabeções do reino animal, com crânios espaçosos o suficiente para acomodar trilhões de células cerebrais: 100 bilhões de neurônios eletricamente ativos e 10 a 50 vezes mais células de suporte, conhecidas como glia.
Ao comparar a anatomia do cérebro em um grande número de espécies, Herculano-Houzel revelou que esta teoria está seriamente equivocada. Além de derrubar inúmeros pressupostos e mitos sobre o cérebro, e reescrever algumas das regras fundamentais sobre como esse órgão é constituído - ela também propôs uma das hipóteses mais coesa e baseada em evidências para a evolução do cérebro humano até o presente.
Mas seus métodos primários são bastante diferentes dos demais em seu campo. Ela não submete cérebros vivos a eletrodos e scanners. Também não divide os cérebros em fatias finas, tipo presunto, cuidadosamente "sanduichadas" entre lâminas de vidro. Nem conserva o material em frascos de formaldeído para armazenamento de longo prazo. Em vez disso, prefere desmantelá-los. Cada órgão, cuidadosamente protegido em sua jornada transatlântica, foi destinado a ser liquefeito em uma mistura turva que ela chama carinhosamente de "sopa de cérebro" - a chave de sua técnica inovadora para entender o que é, indiscutivelmente, o mais complexo aglomerado de matéria do universo. Desmantelar o cérebro, permite que ela o reconstrua.
Durante décadas, o método padrão para contar células cerebrais foi a estereologia: cortar o cérebro, calcular células em folhas finas de tecido espalhadas em lâminas de microscópio, e multiplicar esses números pelo volume da região relevante para obter uma estimativa. A estereologia é uma técnica trabalhosa que funciona bem para áreas pequenas e relativamente uniformes do cérebro. Mas muitas espécies têm cérebros que são simplesmente muito grandes, e complexamente retorcidos para serem submetidos à estereologia. O uso de estereologia para fazer um mapa do cérebro humano exigiria uma quantidade assustadora de tempo, recursos e precisão infalível.
"Percebi que não conhecíamos o básico sobre o que constitui o cérebro humano, muito menos do que outros cérebros eram feitos, e como poderíamos compará-los"
Em um estudo da década de 1970, Herculano-Houzel descobriu uma curiosa proposta alternativa à estereologia: por que não medir a quantidade total de DNA em um cérebro e dividir pela quantidade média de DNA por célula? O problema com este método é que os neurônios são geneticamente diversificados, o genoma é uma estrutura altamente dinâmica - em constante auto-mutação, para privilegiar ou anular certos genes - e até pequenos erros na medição das quantidades de DNA poderiam invalidar todo o cálculo. Mas serviu para dar à Herculano-Houzel uma ideia melhor: "Dissolva o cérebro, sim! Porém não conte o DNA. Faça a contagem de núcleos! "- os envelopes ricos em proteínas que encerram o genoma de cada célula. Cada célula contém apenas um núcleo. "Um núcleo é um núcleo, e você pode vê-lo", diz ela. "Não há ambiguidade lá."
Ela começou os experimentos com cérebros de ratos, congelando-os em nitrogênio líquido, depois dissolvendo-os por imersão liquidificadora; suas tentativas iniciais espalharam pedaços de tecido neural cristalizado por todo o laboratório. Em seguida, tentou a decapagem de cérebros de roedores em formaldeído, que forma pontes químicas entre proteínas, fortalecendo as membranas dos núcleos. Depois de cortar os cérebros endurecidos em pequenos pedaços, fez um purê usando sabão industrial, pilão e um pote de vidro. O processo dissolveu toda a matéria biológica, exceto os núcleos, reduzindo o cérebro a vários frascos de núcleos flutuantes suspensos num líquido da cor do suco de maçã não filtrado.
Para distinguir entre neurônios e glia, Herculano-Houzel injetou nos frascos um corante químico que fez com que todos os núcleos se tornassem azul-fluorescentes sob a luz ultravioleta e, em seguida, com outro corante, deixou vermelho-brilhante os núcleos dos neurônios. Depois de agitar vigorosamente cada frasco para dispersar uniformemente os núcleos, colocou uma gota de sopa de cérebro em uma lâmina de microscópio. Quando observou através das lentes, os núcleos globulares pareciam fotos de estrelas distantes tiradas pelo Hubble contra o negro veludo do espaço. Contando o número de neurônios e glia em várias amostras de cada frasco, e multiplicando pelo volume total de líquido, deu à Herculano-Houzel seus resultados finais. Ao reduzir um cérebro, em toda a sua complexidade assustadora, a um fluido homogêneo, conseguiu algo sem precedentes. Em menos de um dia, ela determinou com precisão o número total de células no cérebro de um rato adulto: 200 milhões de neurônios e 130 milhões de glia.
Os cérebros de ratos eram apenas o começo. "Quando percebi que realmente podia ser feito," - disse Herculano-Houzel - "havia um mundo inteiro de perguntas lá fora, esperando para ser examinado." Ou seja, havia um planeta inteiro de cérebros para serem dissolvidos.
Em 2016, Herculano-Houzel havia migrado para a Universidade Vanderbilt. Ela publicou estudos sobre o cérebro de mais de 80 espécies. Quanto mais espécies comparadas, mais evidente tornava-se que muito do dogma sobre cérebros e seus componentes celulares estava simplesmente errado. Em primeiro lugar, um cérebro grande não necessariamente tem mais neurônios do que um pequeno. Ela descobriu que algumas espécies têm cérebros especialmente densos, embalando mais células no mesmo volume de tecido cerebral do que suas contrapartes esponjosas. Como regra geral, em virtude de seus neurônios serem, em média, menores, os cérebros de primatas são muito mais densos que outros cérebros de mamíferos. Embora os macacos rhesus tenham cérebros apenas um pouco maiores que os das capivaras, os maiores roedores do planeta, o rhesus possui, no mínimo, uma quantidade seis vezes maior de neurônios.
A técnica da sopa cerebral revelou ainda que o cérebro humano, ao contrário dos números frequentemente citados em livros didáticos e artigos de pesquisa, tem 86 bilhões de neurônios e aproximadamente o mesmo número de glia - e não 100 bilhões de neurônios e trilhões de glia. E os seres humanos certamente não têm a maior quantidade de neurônios: o elefante africano tem cerca de três vezes mais. Quando Herculano-Houzel concentrou-se no córtex cerebral, no entanto - a camada mais enrugada do cérebro - descobriu uma discrepância surpreendente. Os seres humanos têm 16 bilhões de neurônios corticais. Os próximos competidores, orangotango e gorila, têm nove bilhões; os chimpanzés aparecem com seis bilhões. Os seres humanos aparentam possuírem, com grande folga, a maior quantidade de neurônios corticais entre todas as espécies na Terra.
Uma seção transversal de um cérebro humano preservado parece uma fatia de abóbora enrugada, com um interior de tonalidade cremosa ondulante e delineado por uma casca cinza intensamente franzida. Essa casca - composta de camadas de neurônios densamente compactados e glia - é o córtex cerebral. Seus cumes e sulcos profundos aumentam significativamente a superfície total, proporcionando mais espaço para as células se acomodarem dentro dos limites do crânio. Todos os mamíferos têm um córtex, mas a extensão das rugas desse córtex depende da espécie. Esquilos e ratos têm córtices tão suaves quanto as ondas de uma casquinha de sorvete, enquanto os cérebros humanos e de golfinhos parecem montes de macarrão miojo. Ao longo dos anos, alguns pesquisadores propuseram que quanto mais corrugado o córtex, mais células ele conteria, e mais inteligentes seriam essas espécies. Mas ninguém tinha efetuado com precisão a contagem de células para respaldar tais proposições.
Se houvesse um pássaro com um cérebro igual a uma laranja, no entanto, provavelmente governaria o mundo.
O córtex cerebral é a diferença entre impulso e percepção, entre reflexo e reflexão. É essencial para o controle muscular voluntário, percepções sensoriais, pensamento abstrato, memória e linguagem. Talvez o mais intrigante, o córtex cerebral nos permite criar e lidar com uma simulação do mundo tal como é, foi e poderá ser; um teatro interior que podemos alterar a vontade. "O córtex recebe uma cópia de tudo o que acontece no cérebro", diz Herculano-Houzel. "E esta cópia, embora tecnicamente desnecessária, acrescenta imensa complexidade e flexibilidade à nossa cognição. Você pode combinar e comparar informações. Você pode começar a encontrar padrões e fazer previsões. O córtex liberta você do presente. Isso lhe dá a capacidade de olhar para si mesmo e pensar: Isto é o que estou fazendo, mas eu poderia estar fazendo algo diferente. "
A especial densidade do córtex humano vai ao encontro de uma compreensão emergente da inteligência inter espécies: não é que a mente humana seja fundamentalmente distinta das mentes de outros primatas e mamíferos, porém alcança uma nota a mais na melodia. É uma questão de escala, não de substância. Muitas das habilidades mentais, consideradas exclusivamente humanas - criação de ferramentas, resolução de problemas, comunicação sofisticada, autoconsciência - se tornam muito mais difundidas entre os animais do que se pensava anteriormente. Os seres humanos apenas manifestam esses talentos num grau sem paralelo. Herculano-Houzel acha que a explicação mais simples para essa disparidade é o fato de que os seres humanos têm quase o dobro de neurônios corticais do que qualquer outra espécie estudada até agora. Como, então, nossa espécie ganhou uma liderança tão grande?
A explicação padrão para nossa inteligência incomparável é que os humanos ultrapassaram as tendências evolutivas que restringiram outros animais. De alguma forma, talvez por causa de uma feliz mutação genética acidental há milhões de anos, o cérebro humano tenha inflado muito além do normal para um primata do nosso tamanho corporal. Mas as medidas cuidadosas de Herculano-Houzel em dezenas de espécies primatas demonstraram que o cérebro humano não está fora de sincronia com tais espécies. Tanto na massa como no número de células, os cérebros de todos os primatas, inclusive os humanos, seguem uma escala bem definida desde as espécies menores até as maiores, com exceção dos gorilas, orangotangos e chimpanzés. Os grandes macacos, nossos primos evolutivos mais próximos, são as anomalias, com cérebros estranhamente encolhidos, considerando o seu peso geral. Enquanto contemplava essa incongruência, Herculano-Houzel lembrou-se de um livro que lera alguns anos antes: "Pegando fogo: Como cozinhar nos tornou humanos", do antropólogo de Harvard, Richard Wrangham.
Wrangham propôs que o domínio do fogo alterou profundamente o curso da evolução humana, na medida em que os seres humanos "adaptaram-se para comer alimentos cozidos da mesma forma como as vacas são adaptadas para comer pasto, ou pulgas para chupar sangue." Cozinhar neutralizou compostos de plantas tóxicas, quebrou proteínas da carne, tornando todos os alimentos muito mais fáceis de mastigar e digerir, o que significa que recebemos muitas mais calorias de alimentos cozidos do que de seus equivalentes crus. Em razão de nossos sistemas digestivos já não terem que trabalhar tão duro, começaram a diminuir; em paralelo, nossos cérebros cresceram, alimentados por todas essas calorias extras. O cérebro humano constitui apenas 2% do nosso peso corporal, mas exige 20% da energia que consumimos a cada dia.
Herculano-Houzel percebeu que poderia ampliar e modificar esta linha de pensamento. Na natureza, os grandes macacos selvagens modernos, gastam cerca de oito horas por dia se alimentando, apenas para atingir os requisitos mínimos de calorias, e rotineiramente perdem peso quando os alimentos são escassos. No decorrer de sua história evolutiva, desenvolveram corpos muito maiores do que seus antepassados ​​primatas, com órgãos maiores para combinar, enquanto seus cérebros provavelmente atingiram um limite metabólico de crescimento. Os grandes macacos já não conseguiam obter calorias suficientes de plantas cruas para nutrir cérebros que fossem proporcionais à massa total.
Cozinhar liberou nossos antepassados ​​dessa mesma camisa de força fisiológica, e nos colocou de volta no caminho para desenvolver cérebros tão grandes quanto o esperado para os primatas do nosso tamanho. E porque os primatas têm cérebros tão densos, toda essa nova massa cerebral rapidamente adicionou uma grande quantidade de neurônios. Foram necessários 50 milhões de anos para o grupo dos primatas desenvolver cérebros com cerca de 30 bilhões de neurônios. Mas em apenas 1,5 milhão de anos de evolução, o cérebro humano ganhou surpreendentes 56 bilhões de neurônios adicionais. Para usar a metáfora do nosso tempo, a cozinha triplicou o poder de processamento do cérebro humano.
Em última análise, a força central da técnica de sopa de cérebro - seu reducionismo - também é sua fraqueza. Ao transformar uma entidade biológica de complexidade insondável em um pequeno conjunto de números, ela habilita uma ciência anteriormente impossível; ao mesmo tempo, cria a tentação de exaltar esses números. Em seu livro "A vantagem humana", Herculano-Houzel enfatiza a distinção entre capacidade cognitiva e habilidade. Temos cerca do mesmo número de neurônios que os humanos que viveram há 200.000 anos, mas nossas habilidades são muito diferentes. Pelo menos metade da inteligência humana não resulta da biologia, mas da cultura - da linguagem, dos rituais e da tecnologia em que nascemos.
Durante séculos, consideramos o cérebro como uma espécie de máquina: bisonhamente enrolada, mas, no entanto, uma máquina. Se pudéssemos separá-lo, quantificar e examinar todos os seus componentes, poderíamos finalmente explicá-lo. Mas mesmo que pudéssemos contar e classificar cada célula, molécula e átomo, ainda faltaria uma explicação satisfatória para seu comportamento notável. O cérebro é mais que uma coisa; é um sistema. Tanta inteligência não está dentro do cérebro nem em seu ambiente, mas vibra através do espaço intermediário.
Para outras grandes histórias,inscreva-se no The New York Times.



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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

E quando o fim se aproxima? - When You Die



                                Disseminando conhecimentos - Exercício de tradução


Por Laura Geggel, Redatora sênior, 09 de dezembro de 2017

Poucas pessoas sabem o que esperar quando o fim se aproxima. Mas a morte, assim como a vida, é um processo, dizem os cientistas.
Se a pessoa sofre com uma doença prolongada, é comum que fique abatida socialmente nos meses anteriores à morte. Isso significa que a pessoa pode estar menos interessada em certas atividades, como trabalho ou reuniões sociais.
"Muitas vezes, [morrendo] as pessoas estão muito concentradas em sua família, e em coisas que são importantes para elas antes de morrer", segundo a Dra. Nina O'Connor, diretora de cuidados paliativos do Sistema de Saúde da Universidade da Pensilvânia. 
Além disso, as pessoas tendem a ter menos energia no final de suas vidas. Esta fadiga faz com que durmam mais, muitas vezes durante a maior parte do dia. Existem muitas causas para a fadiga. Se a pessoa tem câncer, as células cancerosas podem consumir muita energia, informa O'Connor. Além disso, a respiração irregular pode fazer com que uma pessoa tenha níveis mais baixos de oxigênio e níveis mais elevados de monóxido de carbono no sangue, o que pode levar à fadiga.
O indivíduo provavelmente está comendo e bebendo menos, o que significa que não está recebendo calorias suficientes para permanecer ativo, disse O'Connor. A desidratação também pode levar à fadiga, Dra. Michele Casey, diretora médica regional da Duke Health na Carolina do Norte, informara anteriormente à Live Science.

Menos apetite

O apetite de uma pessoa pode declinar por vários motivos. Seu corpo pode estar produzindo mais catecolaminas, um produto químico no sangue que suprime o apetite. O aumento da catecolamina é comum entre as pessoas no final da vida, especialmente naqueles com câncer, disse O'Connor.
Além disso, podem estar comendo menos porque seus intestinos também não funcionam direito, o que significa que têm problemas para processar os alimentos ingeridos. "Podem ainda estar no estômago ou provocando náuseas", reportou O'Connor à Live Science. Adicionalmente, o gosto e o cheiro são geralmente os primeiros sentidos prejudicados, então alimentos e bebidas perdem a atração que costumavam despertar , ela disse.
Pessoas em estágio avançado da doença de Alzheimer muitas vezes têm dificuldades físicas, e esquecem como mastigar e engolir. "Às vezes, não são fisicamente capazes de comer", disse O'Connor.
Pode ser perturbador para amigos e familiares quando um moribundo passa a comer menos. "Em nossa cultura, cuidamos das pessoas que amamos alimentando-as", segundo O'Connor. "Quando as pessoas estão doentes, nós fazemos sopa e damos Gatorade."
No entanto, a perda de apetite e de peso são partes naturais no processo de morte provocada por diversas doenças de longa duração, disse ela.

Afastando-se aos poucos

Energia diminuída pode fazer com que uma pessoa desacelere. Por exemplo, elas podem se mover, conversar e pensar mais devagar do que o normal, e também necessitar de mais tempo para processarem diálogos. Os medicamentos que a pessoa esteja tomando, como certos analgésicos, também podem provocar esse retardo, bem como desequilíbrio nos eletrólitos, acrescentou O'Connor.
"A fadiga física e a fraqueza [pessoas próximas ao fim] são profundas", relata O'Connor. "Coisas simples, como levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, tornam-se exaustivas - drenando toda a dose da energia diária da pessoa."
Em razão de terem menos energia, o corpo pode ter dificuldade em regular a temperatura, o que significa sentir mais calor ou frio do que o normal, ela disse. [Por que ficamos irritados quando está quente?]
Nos dias ou horas finais, que antecedem a morte, a respiração pode sair da normalidade, tornando-se superficial ou profunda. Também ficar irregular, com pausas variando de segundos a um ou dois minutos, o que "pode ​​ser assustador para os membros da família que estão assistindo", disse O'Connor. "[Mas] tudo isso faz parte do processo do corpo desacelerando e desligando."
A mudança na respiração, no entanto, não parece incomodar a pessoa, ainda relata O'Connor.
No final, algumas pessoas têm um chamado "estertor de morte" ao respirar. Isso acontece porque a pessoa não consegue tossir ou engolir secreções acumuladas no peito e na garganta. Tal estertor parece não incomodar o paciente, mas pode ser perturbador para os entes queridos. Para se livrar disso, mudar a posição do paciente costuma ajudar, succionar as secreções, ou dar medicamentos que as eliminem, informa O'Connor.

Apesar do ritmo mais lento, ouvir é um dos últimos sentidos que permanecem ativos. "À medida que as pessoas estão entrando e saindo do estado de consciência, sabemos que podem ouvir vozes, especialmente vozes familiares", disse O'Connor. "Aconselhamos aos entes queridos a continuarem falando, mesmo que a pessoa pareça estar dormindo."

Indo embora

Quando uma pessoa morre, os médicos geralmente aferem a pulsação cardíaca (quando o coração pára de bater), ou a morte cerebral (quando não há mais atividade elétrica no cérebro), disse O'Connor. 

Estar em"estado vegetativo", significa que não há mais atividade cerebral, e que o suporte médico de vida é que mantem o funcionamento dos órgãos. Nesse ponto, "legalmente, o suporte vital é desativado porque houve morte", disse O'Connor.
Estes dois tipos de morte - cardíaca e cerebral - são utilizados, independentemente da forma como a pessoa morreu. "Pode ter sido uma parada cardíaca repentina, quando o coração pára. Ou um trauma grave, quando alguém tem muito sangramento e depois o coração pára porque não há fluxo suficiente de sangue", ensina O'Connor. "

Ou, você poderia ter uma lesão neurológica severa, e depois uma morte cerebral, onde seu cérebro não tem atividade elétrica, e o corpo continua funcionando."
No entanto, há evidências episódicas de que pessoas cujos corações pararam, mas foram reanimadas, descreveram com precisão o que estava acontecendo ao seu redor, Dr. Sam Parnia, diretor de pesquisa de cuidados intensivos e ressuscitação, na NYU Langone Escola de Medicina, na cidade de Nova York, disse anteriormente à Live Science.
"Descreveram observar os médicos e enfermeiras trabalhando, e a consciência de conversas completas, relatos visuais que estavam acontecendo, que de outra forma não poderiam ser conhecidas por elas", disse Parnia. Esses relatos foram confirmados pela equipe médica que estava no mesmo quarto, ele complementa.
Alguns estudos afirmam que experiências de quase-morte são apenas outra forma de sonhos lúcidos, enquanto outras as relacionam com a privação de oxigênio no cérebro.
Para obter informações adicionais sobre processos de estado de morte, O'Connor recomendou dois recursos on-line: o site Get Palliative Care fornece informações sobre cuidados paliativos, e o Hospice Foundation of America tem informações sobre processos de morte e sofrimento.

Artigo original em Live Science. Relatório adicional de Elizabeth Palermo.

Nota do editor: Este artigo foi originalmente publicado em Jan. 29, 2014, e foi atualizado em dezembro, 8, 2017.


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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Conexões cerebrais-Capacidade criativa



 Disseminando conhecimentos - Exercícios de tradução


De Tereza Pultarova, colaboradora da Live Science | 15 de janeiro de 2018

Ser criativo é fazer conexões - pelo menos para o seu cérebro.
Em um novo estudo, cientistas descobriram que os cérebros de pessoas altamente criativas possuem mais conexões entre três regiões específicas, quando comparados aos cérebros dos menos criativos. Além disso, cérebros mais criativos foram mais eficientes em ativar essas regiões de forma coordenada, em comparação com outros cérebros.
As três regiões cerebrais são bem conhecidas pelos cientistas, disse o autor principal do estudo, Roger Beaty, pós-doutorado e estudante de neurociência cognitiva na Universidade de Harvard. E incluem a rede padrão, que está envolvida no pensamento espontâneo e na imaginação; a rede saliente, que captura informações importantes do meio ambiente; e a rede de controle executivo, que está envolvida em funções de controle cognitivo e avaliação. [10 coisas que você não sabia sobre o cérebro]
E, embora a rede padrão pareça ser a principal fonte de criatividade, as pessoas precisam das redes saliente e de controle executivo, que atuam como uma espécie de crítico interno, julgando se as idéias são boas ou úteis para uma determinada tarefa, informou Beaty.
"Você tem esses três sistemas distintos que estão localizados em diferentes partes do cérebro, mas todos são co-ativados ao mesmo tempo", segundo Beaty. "As pessoas com melhor capacidade de co-ativá-las são as que apresentam as reações mais criativas".
Para medir a criatividade e as conexões cerebrais, os pesquisadores escanearam os cérebros de cerca de 160 participantes usando ressonância magnética funcional (fMRI), uma ferramenta que monitora a atividade cerebral medindo mudanças no fluxo sanguíneo em várias áreas do cérebro. Com as cabeças dentro do scanner, os participantes foram convidados a realizar uma tarefa de pensamento criativo chamada pensamento divergente. Isso envolvia inventar formas criativas para usar objetos comuns, como uma faca, um copo ou um tijolo.
"Apenas pensar em maneiras novas e incomuns de usar tais objetos, mostrou ser uma forma válida de medir o pensamento criativo", disse Beaty.
Os pesquisadores descobriram que a realização da tarefa de pensamento divergente ativou, simultaneamente, as três redes no cérebro. E quanto maior a interconexão e sincronização dessas três redes, melhor era o desempenho na citada tarefa. Em outras palavras, quanto mais conectado e sincronizado é o cérebro, melhor é a sua criatividade.
Depois de estabelecer o que distingue os cérebros das pessoas criativas daqueles menos criativos, os pesquisadores queriam ver se poderiam reverter o processo e usar a atividade do cérebro como previsor do desempenho criativo.
"Nós tínhamos conjuntos de dados de estudos publicados anteriormente, nos quais pessoas executavam tarefas similares de pensamento criativo , e queríamos ver se alguém com conectividade fraca [nessas redes] teria idéias menos criativas do que alguém com conectividade mais forte ", revelou Beaty. "E foi o que encontramos em três conjuntos de dados".
Os pesquisadores estão agora planejando procurar padrões semelhantes de atividade cerebral em áreas específicas de criatividade, como a escrita ou a música, disse Beaty. Além disso, os cientistas querem descobrir se a atividade do cérebro pode, de fato, mudar à medida que as pessoas se tornem mais proficientes em certas habilidades, disse ele.
O estudo foi publicado hoje (Jan. 15) no jornal Procedimentos da Academia Nacional de Ciências.
Originalmente publicado em Live Science.



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