segunda-feira, 25 de maio de 2020

O que os antigos gregos podem nos ensinar sobre a pandemia?



Sócrates e a Praga de Atenas

O que a Grécia antiga pode nos contar sobre pandemia?

[Sócrates] era tão disciplinado em seu modo de vida que quando a praga eclodiu em Atenas, foi o único homem que escapou da infecção. - Diógenes Laércio
Em 430 AC, Atenas foi devastada pela peste. Não se sabe exatamente o que a causou, mas especula-se que era uma forma de tifo, febre tifoide ou possivelmente varíola. O que ocorreu durante a praga ateniense parece prenunciar aspectos da atual pandemia do COVID-19. Nossas próprias experiências provavelmente também nos ajudam a entender melhor o que os antigos atenienses devem ter passado.  Não traçarei paralelos óbvios, apenas citarei a história e mencionarei algumas breves comparações ao longo do caminho...
A epidemia se espalhou pelas terras que cercavam o Mediterrâneo, mas Atenas, a maior e mais cosmopolita cidade da região, foi a mais atingida.  Ática, a área que circundava Atenas, tinha uma população total de aproximadamente um quarto de milhão, incluindo milhares de residentes estrangeiros e talvez cem mil escravos.  Aparentemente a doença foi trazida para o porto grego de Pireu por viajantes e comerciantes, de onde rapidamente se transformou em epidemia, infectando a população da vizinha Atenas.
Após o primeiro surto começar a ceder, os atenienses devem ter dado um suspiro coletivo de alívio.  Infelizmente, porém, aconteceram mais dois grandes surtos da praga em Atenas, em 429 e 427 AC.  No total, matou aproximadamente um terço da população, incluindo o próprio Péricles, o grande estadista e general.  Para piorar, a praga ocorreu no início da longa Guerra do Peloponeso (431 a 404 AC), na qual Atenas e seus aliados, conhecidos como Liga Delian, enfrentaram Esparta, a líder da rival, a Liga Peloponesiana.
Os espartanos e seus aliados haviam acabado de invadir Ática,  a área em torno de Atenas, quando a praga atingiu a cidade, mas não afetou a região do Peloponeso, onde Esparta se localizava. Segundo conta a história, os espartanos ocuparam Ática por 40 dias, antes de partir, possivelmente assustados com a praga que afeta Atenas.  Portanto, o efeito da praga na guerra foi unilateral.  Como veremos, o filósofo Sócrates foi pego no meio de tudo isso.

A Praga na Ilíada de Homero

Para entender a Atenas da época, deve-se recorrer aos escritos de Homero, do século VIII, parte essencial da fundação da cultura grega. Todo ateniense instruído sabia muito bem que a Ilíada começa com a história de uma terrível praga que afligia o exército grego que cercava Troia.  E do ponto de vista religioso, essa história surgiu em suas mentes quando confrontados com sua própria praga.
Homero diz que o rei grego Agamenon prendeu a filha de um dos sacerdotes troianos de Apolo, recusando-se a devolvê-la em troca de resgate.  Desesperado, o pai da menina orou a Apolo, "deus do arco de prata",  perguntando-lhe:
Se alguma vez adornei seu templo com guirlandas, ou oferendei ossos queimados em gordura de touros ou bodes, atenda à minha oração e deixe suas flechas caírem sobre os gregos para vingarem minhas lágrimas. -  A Ilíada
Ao que parece, Apolo ficou realmente zangado e enviou uma praga para punir Agamenon e o exército grego acampado nas praias de Troia.

O deus desceu furioso do Olimpo, arco e aljava no ombro, as flechas sacudindo em suas costas com a raiva que tremia dentro dele.  Sentou-se longe dos navios, o rosto escuro como a noite, e seu arco prateado espalhou a morte atirando flechas no meio dos inimigos.  Primeiro, feriu as mulas e os cães de caça; em seguida, apontou suas flechas para as pessoas, e durante todo o dia piras de mortos queimaram. -  A Ilíada

Homero escreveu que isso perdurou por dez dias antes que o herói Aquiles, reclamando, "estamos sendo derrotados pela guerra e pela peste ao mesmo tempo", consultou um vidente para saber o porquê de Apolo estar zangado e como os gregos poderiam apaziguá-lo.  A praga finalmente cedeu quando dedicaram um dia para orar, cantar hinos aos deuses e fazer sacrifícios, e devolveram a garota capturada ao pai, o sacerdote de Apolo.
A Ilíada era tão importante para os atenienses daquele tempo quanto a Bíblia é para os cristãos. Essa história que aparece logo nas primeiras linhas - era extremamente conhecida.  A Praga de Atenas foi, portanto, inevitavelmente atribuída à irritação do deus Apolo provocada pela arrogância.  Embora essa famosa passagem da Ilíada ainda pairasse em suas mentes, os atenienses logo descobriram que nenhuma quantidade de sacrifício aos deuses lhes ofereceria proteção contra a praga que agora devastava sua terra natal.

Tucídides

Nossa principal fonte de informações sobre a peste ateniense é a História da Guerra do Peloponeso , escrita pelo general ateniense Tucídides. Ele ecoa as palavras de Homero ao revelar que seus compatriotas estavam pressionados pesadamente por " guerra e  peste simultâneas ".
Tucídides estava em posição extraordinária para fornecer tal relato, pois ele próprio contraiu a praga e sobreviveu para contar a história.

Apenas definirei sua natureza e explicarei os sintomas pelos quais, talvez, possa ser reconhecido pelo aluno, se voltar a ocorrer. Isso eu posso fazer, pois eu próprio fui vítima da doença, e a observei em outras pessoas. - Tucídides

Ele afirma que a doença foi relatada pela primeira vez na África, vinda da Etiópia e, em seguida, atingiu o Egito e a Líbia.  Depois, atravessou o mar Mediterrâneo e apareceu no porto de Pireu, antes de se espalhar para a vizinha Atenas.  Tucídides a descreve como sendo a pior praga de que alguém podia se lembrar: "uma peste de tal extensão e mortalidade jamais vista em parte alguma."

Os sintomas

Tucídides diz que os médicos, não conseguindo identificar a causa da doença, não entraram em acordo sobre o diagnóstico.  Ele descreve os sintomas em detalhes, embora nem sempre de uma maneira que nos ajude a diagnosticar retrospectivamente a condição. Os sintomas começaram subitamente quando as pessoas, mesmo as de boa saúde, foram atingidas por sensações esmagadoras de calor na cabeça, vermelhidão e inflamação nos olhos.  A garganta e a língua geralmente sangravam e emitiam odor incomum e extremamente desagradável.
Esses sintomas iniciais eram seguidos de espirros e rouquidão. A dor então se espalhava para o peito e uma tosse forte se manifestava.  A doença às vezes afetava o estômago, causando transtornos e "seguiam-se descargas de bile de todos os tipos, acompanhadas de muito sofrimento."  Na maioria desses casos, seguiu-se náusea e espasmos violentos.  A duração dos sintomas não era previsível; às vezes durava pouco, às vezes perdurava por mais tempo.
A pele fica avermelhada e lívida, rompendo-se-se em pequenas pústulas e úlceras.  No entanto, o corpo não era muito quente ao toque, nem pálido na aparência. Porém, os pacientes relatavam uma sensação de queimação e muitas vezes expressavam o desejo de se despir, pois até o linho mais leve incomodava a pele.  E que ansiavam por se jogar na água fria.  Tucídides registrou que alguns dos que não foram atendidos mergulharam nos tanques de água de chuva da cidade desejosos por saciar uma sede agonizante.  No entanto, por mais que bebessem, a sensação aflitiva não os deixava.
Além disso, os afetados pela doença eram continuamente atormentados pela incapacidade de dormir ou até de descansar. Não perdiam a consciência mesmo com a febre ainda no auge.  Isso significava que as vítimas geralmente sobreviviam para serem torturadas por esses e outros sintomas desagradáveis.  Quando finalmente apagavam, geralmente por volta do sétimo ou oitavo dia, devido à inflamação interna, ainda possuíam força nos membros.  Se sobrevivessem a esse estágio, a doença aprofundava-se para o intestino, induzia ulceração violenta, levando à diarreia grave, que os enfraquecia e, por fim, matava.
Em outras palavras, segundo Tucídides, os sintomas começavam na cabeça e se espalhavam por todo o corpo.  De fato, mesmo sobrevivendo, os afetados pela praga permaneciam com danos permanentes nas extremidades.  A doença poderia atingir os órgãos genitais, dedos das mãos e pés, logo, muitos sobreviventes perdiam tais membros. Alguns também perderam a visão.  Outros, durante a recuperação, tiveram amnésia completa e não reconheciam a si mesmos ou amigos.  Tucídides também afirma que os pássaros e outros animais que se alimentaram dos cadáveres, desapareceram, e que os cães domésticos foram infectados pela praga e apresentaram sintomas amplamente semelhantes aos dos humanos.

Depressão

No entanto,  Tucídides afirma que o pior sintoma foi a profunda depressão na qual muitos foram lançados ao descobrir que tinham a doença, sentindo-se, então, desamparados e sem vontade de lutar por suas vidas  -  Algumas pessoas relataram sentir-se profundamente deprimidas após o desenvolvimento dos sintomas da COVID-19, houve registros de suicídios e problemas de saúde mental simplesmente devido ao impacto social da pandemia.

Efeito da superpopulação

No início da Guerra do Peloponeso, Péricles havia retirado suas tropas buscando a segurança das muralhas de Atenas.  Sua estratégia envolvia confiar na marinha ateniense, que era bem superior à dos inimigos.  Isso levou à migração repentina de muitas famílias da área rural de Ática, buscando, da mesma forma, proteção em Atenas.  Com a cidade se esforçando para acomodar o afluxo de refugiados e com o decréscimo da higiene pública, Atenas tornara-se um terreno fértil perfeito para doenças infecciosas.

Um agravamento da calamidade existente foi o influxo do país rumo à cidade, fato especialmente sentido pelos recém-chegados.  Como não havia casas para recebê-los, e justo na estação mais quente do ano, precisaram ser alojados em cabanas sufocantes, onde a mortalidade acabou por se alastrar.  Os corpos dos homens moribundos jaziam uns sobre os outros; criaturas semi-mortas cambaleavam pelas ruas e se reuniam em volta das fontes disponíveis, em seu desejo por água. - Tucídides

Muitos buscaram refúgio nos templos, mas tais locais também acabaram cheios de cadáveres.  -  O COVID-19 se espalhou de maneira particularmente rápida através de casas de repouso e outras residências onde indivíduos vulneráveis moram próximos uns dos outros; também se espalhou rapidamente por algumas cidades modernas densamente povoadas, como Londres e Nova York.

Tratamento

Tucídides nos diz que os médicos, a princípio, não tinham ideia do que fazer em resposta à praga e, portanto, eram de pouca ajuda para quem os procurava.  Dietas e outros tratamentos experimentados não trouxeram benefícios consistentes. Fortes e fracos foram atingidos e morreram.

Religião / Superstição

Os gregos antigos normalmente acreditavam que as pragas eram enviadas como um castigo dos deuses, como na Ilíada.  Tucídides diz que, como os médicos falharam em tratar o surto inicial, as pessoas rapidamente se voltaram para os templos em busca de orientação divina.  Isso também não ajudou em nada.  As pessoas ofereceram sacrifícios rituais aos deuses, diz ele, até que "a natureza avassaladora do desastre finalmente os deteve."  Sofredores amontoavam-se em templos, buscando ajuda, junto com refugiados sem-teto migrados do interior, mas a doença se espalhou rapidamente entre aqueles que viviam em condições apertadas, muito próximos uns dos outros.
Durante as guerras, uma catástrofe como uma praga era naturalmente vista como um sinal de que os deuses favoreciam o lado oposto, neste caso, os espartanos e seus aliados peloponésios.  Como já vimos, Apolo, o deus da cura, também era o deus das pragas. Talvez isso tenha implicações para a afirmação de Sócrates de que estava servindo ao deus Apolo, prosseguindo no estudo da filosofia.  A praga aumentou muito o medo de irritar os deuses.  A impiedade foi uma das acusações que levaram à execução de Sócrates, embora tal fato tenha ocorrido três décadas após a praga.  -  Durante as pandemias modernas, teorias da conspiração e a pseudociência florescem;  não culpamos o deus Apolo, mas procuramos outros bodes expiatórios.

Mortes dos profissionais de saúde

Como mantinham contatos próximos e frequentes com os infectados, médicos e cuidadores também foram vitimados.  Tucídides diz que um grande número de mortes ocorreu entre pessoas que pegaram a doença enquanto cuidavam de outras.  Devido à negligência muitos morreram sozinhos, porque outros tiveram medo de visitar suas casas; dentre os cuidadores que ousaram auxiliar aqueles, arriscando as próprias vidas, houve muitas mortes. Os atenienses foram, portanto, lançados em abjeto desespero, situação denominada por Tucídides como "o terrível espetáculo de homens morrendo como ovelhas".
Uma das terríveis consequências foi a morte de muitos dos melhores e mais honrados cidadãos.  Algumas almas corajosas tentaram fazer o bem e atendiam abnegadamente amigos doentes, "onde até os membros da família estavam exauridos pelos gemidos dos moribundos e sucumbiram à força do desastre."  No entanto, mesmo arriscando as próprias vidas, as perdas, geralmente era o resultado final obtido.  Com o tempo, porém, aqueles que se recuperaram da doença descobriram que podiam cuidar dos doentes sem serem infectados novamente.

Tinham passado pela experiência e agora não tinham medo; pois uma mesma pessoa nunca fora atacado duas vezes - pelo menos não de forma fatal.  E esses abnegados não apenas receberam as homenagens das demais pessoas, mas também, na alegria do momento, alimentaram a vã esperança de que estariam, no futuro, a salvo de qualquer doença. - Tucídides

Hoje, médicos e enfermeiros foram particularmente expostos ao novo coronavírus e muitos morreram enquanto tentavam administrar atendimento às outras pessoas.  É possível que, se algumas pessoas adquirem imunidade duradoura, podem encontrar-se em posição de ajudar os que sofrem.

Múltiplos Surtos

Os atenienses ficaram aliviados quando o surto inicial da praga terminou.  Infelizmente, seus problemas estavam apenas começando. Eles tiveram que enfrentar outros dois grandes surtos, o segundo dos quais vitimou Péricles, seu líder.   -  Ainda precisamos ver se o coronavírus retornará em ondas após os surtos iniciais, muito embora os epidemiologistas já alertem que isso é provável, sendo assim, a sociedade deve se preparar com antecedência.

Pânico moral / Lei e Ordem

Segundo Tucídides, o impacto da praga na sociedade ateniense levou a um colapso da lei e da ordem.  Somos informados de que, ao perceberem que suas vidas estavam em sério perigo, as pessoas começaram a desconsiderar a lei e a cometer crimes. A resposta foi a aprovação de leis draconianas numa tentativa de aumentar o controle.

À medida que o desastre passava de todos os limites, os homens, sem saber o que seria deles, tornaram-se totalmente descuidados de tudo, seja sagrado ou profano. - Tucídides

Os ritos funerários estabelecidos foram abandonados e os corpos tiveram que ser descartados com menos cuidado, por exemplo, jogados em uma pira funerária existente. Tucídides também pode estar aludindo ao uso de valas comuns, uma das quais, um poço contendo 240 corpos, foi descoberta por arqueólogos em Atenas na década de 1990.
Tucídides diz que “os homens agora não se importavam em agir às claras de forma desonrosa e sem levar em consideração o futuro.  Muitos subitamente se apossaram do dinheiro dos ricos que morreram inesperadamente.  Começaram a desperdiçar suas riquezas porque achavam que as próprias vidas poderiam terminar a qualquer momento. Ele escreve: "O medo dos deuses ou da lei do homem não eram suficientes para contê-los."  As pessoas ficaram desiludidas com a religião ao verem que muitos sofriam e morriam, quer fizessem ou não sacrifícios aos deuses.  Ninguém respeitava a lei porque ninguém esperava viver o suficiente para ser levado a julgamento e punido por seus crimes e, de qualquer forma, temiam mais a praga do que aos tribunais.  Dessa forma, começaram a viver o momento e a se comportar de forma imprudente.   -  Ainda não vimos uma grande quebra de lei e ordem, mas há alguns sinais de que a pandemia afetou o policiamento e o sistema de justiça criminal.

Sócrates e a Praga

Durante o surto inicial da peste ateniense, Sócrates, com cerca de 38 anos, aparentemente servia como hoplita, ou soldado de infantaria pesada, na Batalha de Potidaea.  Em 432 AC, os atenienses enviaram uma força para atacar a cidade rebelde de Potidaea, uma antiga aliada da qual recebiam tributos.  Sitiaram as defesas de Potidaea  por cerca de três anos; e isso foi um dos eventos que desencadearam a Guerra Peloponesiana que se seguiu.
Quando o surto inicial de peste atingiu Atenas, rapidamente se espalhou entre os soldados que estavam agora há dois anos no cerco à Potidaea.  Segundo Tucídides, as tropas acampadas em Potidaea foram infectadas com a praga por reforços vindos de Atenas.  A essa altura, os atenienses acampados próximos à cidade inimiga tiveram seus suprimentos cortados e, consequentemente, enfrentavam dificuldades consideráveis.  Sócrates, no entanto, é lembrado por sua autodisciplina e resiliência durante o cerco e a epidemia.
Durante uma intensa batalha, as linhas atenienses se romperam e suas tropas começaram a se dispersar em retirada.  Alcibíades ficou ferido, mas Sócrates o resgatou sozinho, salvando a vida de seu camarada.  Platão criou Cármides - o dia seguinte ao retorno de Sócrates de Potidaea.  Revela pouco sobre os eventos, exceto por mencionar a longa ausência de Sócrates de Atenas devido ao serviço militar e o fato de que, na viagem para casa, alguns dos amigos combatentes morreram em escaramuças.  Talvez Sócrates não quisesse falar sobre a experiência.
No "Simpósio de Platão",  no entanto, Alcibíades é retratado descrevendo como, quando serviam juntos durante a campanha de Potidaea, Sócrates entrava em transe meditativo para a surpresa de seus companheiros soldados.  Depois de contar histórias da bravura de Sócrates, Alcibíades cita a Odisseia de Homero, comparando-o ao rei de Ithaca, aventureiro e general, Odisseu.
Você deveria ouvir o que mais ele fez durante a mesma campanha:  'A exploração que nosso herói de coração forte ousou fazer'.  Um dia, ao amanhecer, começou a pensar em determinados problemas; e ficou do lado de fora, desenvolvendo o raciocínio. Mesmo não conseguindo resolver, não desistia. Simplesmente ficava lá, como que plantado no mesmo lugar.  Ao meio-dia, muitos soldados o viram e, bastante confusos, disseram a todos que Sócrates estava ali o dia inteiro pensando em alguma coisa.  E ainda estava lá quando a noite chegou e, depois do jantar, alguns trouxeram as camas para fora, onde era mais frio e confortável (tudo isso aconteceu no verão), mas principalmente para ver se Sócrates iria ficar lá durante toda a noite. E assim ele fez; ficou no mesmo local até o amanhecer!  Só saiu na manhã seguinte, quando o sol apareceu e após fazer suas orações para o novo dia. - Platão, o Simpósio
Sócrates parece ter continuado com a vida relativamente tranquila enquanto servia em Potidaea, apesar do campo ateniense ter sido gravemente afetado pela doença e ter os suprimentos cortados.  Enquanto outros entraram em pânico e lutaram para lidar com a escassez de alimentos, ele parece ter permanecido inabalável.
Xenofonte, um general ateniense e amigo pessoal de Sócrates, o retrata descrevendo como o filósofo-soldado se educou para suportar as severas privações.
Você não acredita que eu, que estou sempre me treinando para aguentar as coisas que acontecem ao meu corpo, acho tudo mais fácil de suportar do que você com sua negligência em treinar? - Memorabilia
E completa:
O que poderia ser mais útil na vida militar - o homem que não pode viver sem uma dieta cara, ou aquele que está contente com o que tem à mão? E qual deles se renderia primeiro em um cerco - aquele cujos requisitos são mais difíceis de obter, ou aquele que está satisfeito com o que quer que tenha à disposição? - Memorabilia
Hoje, o bloqueio e as outras consequências sociais do impacto são um desafio para muitas pessoas que lutam para suportar a mudança no estilo de vida.  Sócrates era um minimalista, porém, imperturbável pela privação.

Sempre pensei que não precisar de nada é divino, e precisar do mínimo possível é a abordagem mais próxima do divino; e aquilo que é divino é o melhor, e o que está mais próximo do divino vem logo a seguir. - Memorabilia

Durante o cerco de Potidaea, quando os atenienses estavam morrendo de peste e famintos por comida, Sócrates estava aparentemente bastante satisfeito, usando o tempo para praticar meditação e contemplar a filosofia.
ESCRITO POR

Donald J. Robertson

Escritor e psicoterapeuta cognitivo-comportamental. Autor de Como pensar como um imperador romano: a filosofia estoica de Marco Aurélio (2019)

Fonte: https://medium.com/stoicism-philosophy-as-a-way-of-life/socrates-and-the-plague-of-athens-9c9a04481df0
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