segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Sinestesia - O barulho das cores, o gosto das palavras, visão de sons, etc.



Disseminando conhecimentos - Exercício de tradução



A sinestesia é uma condição neurológica que faz com que o cérebro processe dados utilizando vários sentidos ao mesmo tempo. Por exemplo, uma pessoa com sinestesia pode ouvir sons enquanto também os enxerga na forma de redemoinhos coloridos. A condição não é totalmente compreendida, mas acredita-se ser de origem genética, e afeta mais as mulheres do que os homens.
A sinestesia é incomum, ocorrendo em apenas cerca de 1 em 2.000 pessoas, de acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA). A condição é mais encontrada entre artistas, escritores e músicos; cerca de 20 a 25% das pessoas que exercem tais profissões - de acordo com a publicação da Psychology Today. Exemplos de artistas famosos com sinestesia incluem o cantor pop Lorde, o violinista Kaitlyn Hova e os pintores Wassily Kandinsky e David Hockney. O escritor Vladimir Nabokov, o compositor Olivier Messiaen e o físico Richard Feynman, também podem ter tido sinestesia, de acordo com a APA.

Tipos

A palavra "sinestesia" vem do termo grego para "perceber junto". " De acordo com Psychology Today, mais de 60 tipos de sinestesias já foram relatadas. A maioria das pessoas nessa condição experimenta pelo menos dois tipos de sinestesia. O tipo mais comum é a sinestesia de cor grafema, que é quando letras ou números parecem estar coloridos na página escrita, ou visualizados na mente como coloridos.
Alguns outros tipos de sinestesia incluem:
  • Sentir determinados aromas ao ouvir certos sons.
  • Enxergar música como se fossem cores no ar (sinestesia de música-cor).
  • Sentir o sabor de certas palavras (sinestesia lexical-gustativa).
  • Sentir que algumas texturas causam emoções específicas (sinestesia de emoção tátil).
  • Perceber o tempo como tendo uma característica física (sinestesia tempo-espaço).
  • Ver uma cor ao sentir dor.
Algumas pessoas experimentam um fenômeno chamado "sinestesia conceitual", no qual enxergam conceitos abstratos, como unidades de tempo ou operações matemáticas, como formas projetadas internamente ou no espaço ao seu redor, de acordo com a APA.

Causas

A sinestesia foi estudada pela primeira vez no final do século XIX e início do século XX, mas a pesquisa sobre a condição ficou esquecida até a década de 1970. Desde então, muitos neurocientistas estudaram a condição e propuseram várias teorias concorrentes sobre suas causas, de acordo com um artigo publicado no Monitor on Psychology da APA.
Por exemplo, a pesquisa de Simon Baron-Cohen, na Universidade de Cambridge, sugeriu que a sinestesia resulta de uma superabundância de conexões neurais. Normalmente, cada um dos sentidos é atribuído a módulos separados no cérebro, com comunicação cruzada limitada. Nos cérebros das pessoas com sinestesia, as barreiras são quebradas, e há mais comunicação entre os módulos, propôs Baron-Cohen.
No entanto, Peter Grossenbacher, um psicólogo da Universidade de Naropa, no Colorado, pensa que, mais do que reorganizar a arquitetura do cérebro, a sinestesia acontece quando as áreas de sentido único do cérebro recebem feedback de áreas multissensoriais. Normalmente, as informações de áreas multissensoriais direcionam-se apenas à área de sentido único apropriada. Em pessoas com sinestesia, a informação se mistura, disse Grossenbacher.
Outra teoria - proposta por Daphne Maurer, psicóloga da Universidade McMaster, em Ontário - é que todos possuem essas conexões, mas nem todas as utilizam. Aqueles que usam as conexões são aqueles que experimentam sinestesia, sugeriu Maurer.
Um pequeno estudo com 17 integrantes, publicado no European Journal of Neuroscience em 2016 concluiu que aqueles com sinestesia podem ter associações mentais mais fortes entre determinados sons e formas arredondadas ou angulares. "Existem debates sobre a sinestesia", afirmou o cientista Dr. Krish Sathian, neurologista da Emory University, Atlanta, em um pronunciamento. Até agora, não estava claro se a origem das percepções, em pessoas com sinestesia envolvia a forma como elas associam certos sons que ouvem com imagens mentais que representam esses sons, ou se a fonte era algo completamente diferente, disse ele.
Em uma Pesquisa de 2017, com 11.000 estudantes universitários, os pesquisadores descobriram que as crianças que cresciam ouvindo e falando duas línguas desde uma idade muito jovem, eram mais propensas a ter sinestesia do que pessoas que não falavam mais de uma língua desde muito cedo. "Grupos de pessoas com diferentes contextos linguísticos têm taxas diferentes de sinestesia - e taxas bastante diferentes ", disse o co-autor do estudo, Marcus Watson, um psicólogo experimental da Universidade York, em Toronto. "Variando de 0 a cerca de 5 por cento, dependendo do conhecimento de seu idioma."

Diagnóstico

Não existe um método oficial de diagnóstico da sinestesia. Existem, no entanto, diretrizes que foram desenvolvidas pelo pesquisador líder em sinestesia, Dr. Richard Cytowic.
As pessoas com sinestesia normalmente relatam o seguinte:
  • Experimentam involuntariamente suas percepções.
  • Projetam sensações fora da mente, como ver cores flutuando no ar ao ouvir sons.
  • Têm a percepção de familiaridade a cada evento.
  • Têm uma percepção genérica, como ver uma forma em resposta a um certo cheiro, mas não vêm algo mais complexo.
  • Lembram da percepção sinestésica secundária melhor do que a percepção primária.
  • Têm reações emocionais, como sentimentos prazerosos ligados às percepções.
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