segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Felicidade? Não é esse o propósito da vida.



Disseminando conhecimentos - Exercício de tradução

Tradicionalmente, o termo "feliz" é sinônimo de boa sorte.
Apareceu na língua inglesa ("happy") em torno do século 14, e não era algo que as pessoas buscavam ativamente. Pensava-se em algo do tipo acidental, acontecia com você ou não. Só após o século 16 é que palavra começou a ser associada com prazer e contentamento.

Até mesmo os gregos e os romanos, que nos introduziram na filosofia clássica, desconheciam essa  noção moderna de felicidade. Para eles, a felicidade era, de fato, o objetivo principal da vida, mas tinham uma definição muito diferente do significado do termo.

Ao invés de vê-lo como um estado emocional, sua ideia de uma vida feliz foi construída sobre algo mais. Não um evento, mas sobre uma vida em harmonia com nossa própria natureza, incluindo a aceitação de sofrimento e desconforto.

Se você perguntar a uma pessoa comum de hoje, o que eles querem da vida, a maioria irá dizer que quer ser feliz. Se aprofundar o que isso significa para essas pessoas, dirão que querem se sentir bem e confortáveis, e estar à vontade.

Na superfície, isso parece bastante inocente, mas a realidade é que essa busca da felicidade é realmente a causa de grande parte da nossa miséria.

A noção de que o prazer e o contentamento são a solução para todos os problemas da vida e que, uma vez que você adquire esses estados, tem tudo o que precisa, é, na pior das hipóteses,  pequena e perigosa.

A vida é muito maior do que a felicidade.

Por que não Felicidade?

Eu me considero uma pessoa razoavelmente feliz. Na maioria dos dias, há uma linha  geral da qual desvio pouco,  e não por muito tempo. Eu sou bastante afortunado de muitas maneiras, e estou mais do que grato por isso.

Tenho o suficiente. Não preciso ser rico demais. Não me importo com a fama. Aceito  o fato de que me comparar com os outros é uma perda de tempo, e não quero ficar refém de tentações hedonistas para o resto da minha vida. Não há nada mais de que eu realmente precise.

No entanto, escrevo. E quando escrevo, quero que seja bom, e que as pessoas leiam. Eu tenho minhas ambições gerais, e há coisas que eu quero realizar. Trabalho muito duro, e nem sempre é divertido. Mas se já estou contente, por quê?

Porque sei que se não tivesse algum tipo de desejo por algo mais, então deixaria de me sentir satisfeito.

A razão é simples. A causa da minha felicidade não é que eu tenha o suficiente, mas é que trabalhei para chegar a um ponto em que tenho o suficiente. Não é que acordei uma manhã, não me importando com o que alguém pensa, ou de repente decidido que os prazeres hedonísticos não eram importantes, é que passei muito tempo pensando que essas coisas eram importantes, sofrendo por isso, e depois trabalhando para torná-las sem importância. A diferença é sutil, mas crítica.

Minha felicidade não é um produto do "eu obtendo o que quero". É o subproduto dos diferentes desafios que, proativamente, superei para ganhar o que quero. São as expectativas que conheci ou reavaliações ao longo do tempo.

Preciso de algo no que trabalhar para obter o que quero. Se eu parasse de perseguir as coisas amanhã, minha felicidade prolongada escaparia. Ao longo do tempo, deixaria de significar qualquer coisa, e eu não seria capaz de reabastecê-la simplesmente desejando mais.
Devido à sua natureza em fuga, a felicidade sozinha não é suficiente.

Dificuldades são sempre ruins?

De muitas maneiras, os seres humanos podem ser caracterizados como algoritmos biológicos. Não é uma analogia inteiramente perfeita, mas funciona muito bem para explicar nosso comportamento.

Nós respondemos aos "estressores" em nosso ambiente, considerados como insumos, modulando nossas ações, produzindo uma dinâmica que ao final gere resultados favoráveis. A longo prazo, o quão bem fazemos isso, determina a nossa capacidade de prosperar.

No mundo moderno, temos muitas escolhas em termos das exposição, em diversos níveis de  tensão, às quais queremos nos entregar, . A maioria de nós poderia passar pela vida tentando evitar desafios significativos que surgem em nosso ambiente, mas isso requer uma forma de escapismo e não é necessariamente uma coisa saudável.

Você pode evitar temporariamente uma briga com seu parceiro, ou suprimir o desejo de trabalhar em direção a um objetivo, mas, eventualmente, algo vai acontecer. Em algum momento, o desconforto será inevitável.

Embora a felicidade seja melhor definida como um estado de contentamento, na verdade, não evoluímos em tal condição. Evoluímos por meio de lutas intermináveis, e competições, então, por natureza, não recebemos recompensas num estado de felicidade constante.

Embora algumas partes da sociedade tenham levado essas características ao extremo, incentivando os sistemas e corporações que nos cercam, essa necessidade intrínseca de mais, não é algo que podemos ignorar. Precisamos ser melhores, progredir e sentir mais do que apenas o suficiente.

Isso significa perseguir alguma ambição, assumir dor e expor-se à pequenas variações em estados emocionais. Fazer essas coisas em extremos não é a solução, mas desviar-se de uma mediana confortável é o que realmente nos permite manter uma condição-base que podemos chamar de felicidade.


Sem lutar contra algo, o suficiente deixaria de ser suficiente.

Qual é o seu caso?

A felicidade não é obtida. É ganho. Não é o produto. É o subproduto.

Por esta razão, a ideia de que um estado sereno de felicidade pode ser sustentado com prazer e satisfação, embora sedutora, é equivocada. A longo prazo, é preciso mais do que isso. É preciso esforço.

O reconhecimento é importante, com certeza, mas deverá estar bem ajustado, de forma a não se tornar uma busca de soluções em motivações não essenciais, pois essas coisas apenas, não vão te levar muito longe. O verdadeiro segredo é viver uma história.

É criar um roteiro que o incentive adequadamente a escolher o nível de desconforto e sofrimento necessários para sustentar uma realização mais profunda. Isso realmente o manterá em movimento. É isso que faz a diferença.

"Aquele que tem pelo que viver, pode suportar quase qualquer tipo de como viver ", escreveu Nietzsche em O CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS.

Para o pintor, são os 10 anos passados na frente da tela, praticando sem qualquer esperança de fazer um centavo, porque ele sabe como é olhar uma pintura de Van Gogh e sentir algo que não pode ser descrito.
Para o empresário, são as noites sem sono e os riscos desgastantes para levar um produto ao mercado, porque esse é o tipo de desafio e incerteza que o torna melhor hoje do que era ontem.
O seu roteiro é que irá determinar os tipos de obstáculos convidados para a sua vida, e ultrapassar  esses obstáculos é, em última análise, o que dará às emoções que você sente, qualquer tipo de significado real. É assim que seu valor é obtido.
Se você cuidar da sua história, a felicidade não precisa ser suficiente. Você ganha algo melhor. Você obtém uma realização sustentável.




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