Como a crescente desigualdade prejudica a todos, até mesmo os ricos
Estudos mostram que, a longo prazo, mais desigualdade significa menos riqueza para todos
Ao
longo dos últimos 40 anos, a economia americana carreou riqueza e
renda no estilo Robin Hood às avessas; dos bolsos dos 99% menos
afortunados para os cofres dos 1% mais abonados. A transferência
total para os mais ricos equivale a 10% da renda nacional e cerca de
15% da riqueza do país.
Essa enorme concentração de riqueza e renda entre os ricos colocou os Estados Unidos em níveis de desigualdade jamais vistos no país desde antes da Segunda Guerra Mundial. É uma tendência que os economistas, como Thomas Piketty, acreditam que continuará sem controle nas próximas décadas, com 1% dos americanos capturando um quarto ou mais da renda nacional até 2030.
Essa enorme concentração de riqueza e renda entre os ricos colocou os Estados Unidos em níveis de desigualdade jamais vistos no país desde antes da Segunda Guerra Mundial. É uma tendência que os economistas, como Thomas Piketty, acreditam que continuará sem controle nas próximas décadas, com 1% dos americanos capturando um quarto ou mais da renda nacional até 2030.
A
questão é, obviamente, entendida como um problema para aqueles que
têm menos, e certamente o é. Mas estudos recentes demonstram que a
desigualdade é ruim para todos na sociedade.
Algumas
das dores são econômicas: os estudos sugerem que a desigualdade
deprime o crescimento econômico, disponibilizando menos para ser
dividido pela sociedade - independentemente de como seus membros
decidam fazê-lo. Algumas são sociais: estudos descobriram que a
desigualdade, particularmente o alto nível observado nos atuais
Estados Unidos, dá origem a comportamentos criminosos.
Esses
efeitos podem morder um pedaço de seu contra-cheque,
independentemente de você estar dentre os 99% do fundo, ou no topo
do 1%. Importantes economistas e organizações econômicas estão
chegando à conclusão de que para maximizar os ganhos e a riqueza
para todos - incluindo aqueles no topo - deve existir controle
significativo sobre a renda e a desigualdade.
A desigualdade prejudica o crescimento econômico, especialmente a alta desigualdade em nações ricas.
Em
2014, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico,
uma reunião dos 35 países mais ricos do mundo, incluindo os Estados
Unidos, descobriu que o aumento da desigualdade nos Estados Unidos de
1990 a 2010 atingiu cerca de cinco pontos percentuais do PIB per
capita acumulado durante esse período. Efeitos semelhantes foram
observados em outros países ricos.
"O
principal mecanismo através do qual a desigualdade afeta o
crescimento é prejudicando as oportunidades de educação para
crianças de origens socioeconômicas pobres, reduzindo a mobilidade
social e dificultando o desenvolvimento de habilidades ",
constatou a OCDE. As crianças de 40% das famílias mais pobres (uma
grande parte da população) estão perdendo valiosas oportunidades
educacionais. Isso os tornará trabalhadores menos produtivos, o que
significa salários mais baixos, e por tabela, uma menor participação
na economia.
Embora
isso seja, obviamente, uma má notícia para as famílias pobres,
também prejudicará as pessoas no topo. Se você é um bilionário
proprietário de uma empresa de varejo ou fabricação, deseja que as
pessoas possam pagar pelas coisas que você está vendendo. Henry
Ford oferecia altos salários aos seus trabalhadores, e não por
qualquer impulso altruísta, mas porque queria que eles comprassem os
carros que fabricavam.
Nem
toda desigualdade é necessariamente ruim. Um documento do Banco
Mundial de 2015 descobriu que uma certa dose de desigualdade aumenta
o PIB per capita nas economias em desenvolvimento, ao permitir que
empresários ricos invistam mais. Mas esse efeito é revertido em
economias avançadas como a americana, principalmente por causa dos
efeitos prejudiciais sobre o nível de escolaridade descrito acima.
Mesmo
em países como os EUA, nem toda desigualdade é prejudicial. Um
relatório do Fundo Monetário Internacional no ano passado descobriu
que a desigualdade em níveis de baixo a moderado poderia ser
benéfica para o crescimento. Em uma escala de 0-100 conhecida como
coeficiente de Gini, onde 0 significa que todos têm a mesma renda e
100 significa que apenas um indivíduo tem tudo, a desigualdade
estimulou o crescimento em países com valores de índice abaixo de
27. Infelizmente para os EUA, o valor atual do índice Gini está em
algum lugar em torno de 41, muito além do limite onde a desigualdade
se torna prejudicial.
A desigualdade alimenta a criminalidade.
Isso
é um pouco óbvio, mas vale a pena destacar alguns pontos chaves do
estudo: se você tem uma sociedade drasticamente dividida entre
vencedores e perdedores, alguns desses perdedores vão concluir que o
jogo é manipulado e que não é interessante jogar pelo regras.
Um
estudo da Escola de Economia de Londres de 2016, por exemplo,
descobriu que grandes disparidades de renda dentro de determinadas
vizinhanças nos EUA, levaram a mais crimes contra a propriedade nos
bairros mais ricos. "As diferenças de renda criam um incentivo
para aqueles relativamente pobres roubarem as famílias mais ricas",
explicam os autores.
Talvez,
surpreendentemente, as ligações entre desigualdade e crime violento
sejam ainda mais claras. Um documento do Banco Mundial de 2002
encontrou fortes correlações entre desigualdade e índices de
crimes violentos, tanto dentro dos países quanto entre eles. Os
autores dizem que existe um relacionamento causal, mesmo após serem
controladas uma série de outras conhecidas determinantes de crimes.
A implicação é que altos níveis de desigualdade criam uma
permanente subclasse forçada a competir por recursos escassos, às
vezes de forma violenta, com ela própria ou com outra classes.
Este
fenômeno é particularmente claro no México atual, de acordo com um
documento do Banco Mundial de 2014. Devido à proliferação de
gangues durante a guerra contra as drogas no país, os custos do
crime diminuíram à medida que o conhecimento e habilidades
criminais se espalhavam por toda a população em geral. O alto nível
de desigualdade no México (coeficiente de Gini: 48.2), enquanto
isso, significou um aumento na expectativa dos benefícios obtidos
com o crime. O que você tem é uma tempestade perfeita de incentivos
para crimes violentos.
Vale
ressaltar que a desigualdade não é o único motor do crime. Nos
Estados Unidos, por exemplo, a taxa de criminalidade violenta
diminuiu desde o início dos anos 90, mesmo com o crescimento da
desigualdade. Há muitos fatores em jogo: policiamento, crescimento
econômico geral, até mesmo níveis de desenvolvimento ambiental. O
que os estudos acima sugerem é que, se o aumento da desigualdade
tivesse sido menos grave, as taxas da criminalidade americana teriam
caído ainda mais.
Da
mesma forma, muitos fatores além da desigualdade impulsionam o
crescimento econômico. Mas a quase unanimidade nos estudos acima,
particularmente relacionados aos países ricos com altos níveis de
desigualdade, apresentam um caso convincente de que a desigualdade
será prejudicial para todos nós, a longo prazo. É por isso que
organizações como a OCDE, o Fundo Monetário Internacional e o
Banco Mundial estão disparando cada vez mais o alarme sobre tal
problema: a crescente desigualdade prejudica a todos,
independentemente do status econômico.
Mas
um segmento substancial de eleitores americanos respondeu ao aumento
sem precedentes da desigualdade no início do século XXI com uma
indiferença coletiva. No ano passado, por exemplo, 35 por cento dos
americanos disseram ao Gallup que estavam satisfeitos com a forma
como a riqueza e a renda eram distribuídas nos Estados Unidos. Em
2016, porcentagens semelhantes diziam que a distribuição de
dinheiro e riqueza era "justa", e que os americanos mais
ricos já estavam pagando uma parcela aceitável ou demasiada em
impostos. Quase metade disse que desaprovava a redistribuição de
riqueza através de impostos mais elevados para os mais ricos.
Muitos
americanos consideram a desigualdade como o resultado natural quando
talento e habilidade são distribuídos de forma desigual em toda a
sociedade - os ricos são ricos porque eles trabalham mais, são mais
inteligentes e mais produtivos do que os demais. A alta desigualdade
é em grande parte uma questão de mérito, de acordo com essa visão,
e não algo que deva despertar demasiada preocupação. Seria uma
característica do sistema capitalista, não um defeito.
Mas,
mesmo se você achar que os ricos têm direito a uma parcela maior do
bolo nacional por causa de seu talento, produtividade e trabalho
árduo, pesquisa econômica recente sugere que a desigualdade não
controlada significa menos bolo para todos - até mesmo para esses
ricos.
https://medium.com/thewashingtonpost/how-rising-inequality-hurts-everyone-even-the-rich-5169fc0eaf83
Gostou? Acha que poderia ser útil para mais alguém? Enriqueça suas redes sociais compartilhando num dos ícones abaixo (facebook, google + , twitter).
Then? Do you like it?
Share it!
Nenhum comentário:
Postar um comentário