terça-feira, 6 de março de 2018

A Tradução e alguns "probleminhas"...


Inglês ou "Globês"?
O QUE É MAIS IMPORTANTE: A PUREZA OU A FLEXIBILIDADE?

Por Shena Wilson

O mundo da tradução é extraordinariamente cheio de detalhes.

Quando pessoas que amam palavras e ideias leem uma tradução mal feita, costumam dizer algo como: "Não basta simplesmente ser bilíngue para fazer traduções. "

Existem excelentes tradutores profissionais que não têm um diploma especifico da própria área de tradução. Muitos destes profissionais têm extensos antecedentes em campos específicos, bem como conhecimentos aprofundados em pelo menos dois idiomas.

Atualmente, moro na bela e artística Paris, e vejo regularmente verdadeiras "jóias" linguísticas em paredes e lugares públicos, revistas, livros, propagandas, e em diversos outros locais. Variam desde os simplesmente incorretos, grosseiros, até mesmo aos involuntariamente gentis. São publicados e, aparentemente, alguém foi pago para fazer a tradução. Ou vieram depois de introduzidos em um aplicativo ou programa. E então? Quem realmente se importa? Bem, eu sim. E não estou só.

Não há necessidade de palavreado extravagante para produzir um aviso dizendo que a loja estará fechada no dia tal, ou que a sobremesa do dia é "Torta de maça", ou que Risotto de frutos do mar é "arroz cozido demais com peixes". Nem todo dono de restaurante vai contratar um profissional para trabalhar em algo que será usado apenas por alguns dias.
No entanto…
Não há como, aqui na Cidade Luz, você jogar com sucesso um croissant na rua sem atingir um anglófono nativo a caminho da Boulangerie.

E talvez, só por acaso, essa pessoa de língua inglesa que seja atingida pelo croissant voador, possa ser persuadida a reler o cartaz ou o menu antes de ser disponibilizado ao público?

Em nosso acelerado mundo de impaciência e tecnologia, parece que algumas pessoas estão bastante satisfeitas com publicações em Globês (um tipo de inglês internacional simplificado). Existem vários artigos sobre esse fenômeno linguístico, seja no Financial Times, The New Yorker e muitos outros.

E aí, "culpamos" a má qualidade do Google Tradutor? Podemos apontar o dedo para as agências de tradução que pagam aos tradutores independentes o equivalente ao salário mínimo, ao mesmo tempo em que reiteramos a doce promessa de continuar com o trabalho? O que podemos dizer sobre a multiplicidade de sites que oferecem entrega de traduções à velocidade da luz?

Algumas dessas agências ou empresas de "tradução super-rápida" usam máquinas para iniciar o trabalho. Sim, a máquina é capaz de fazer maravilhosamente as tarefas repetitivas! Adoramos evitar o trabalho chato. Essas "empresas" geram sem culpa textos com traduções automatizadas e, em seguida, contatam tradutores humanos reais para arrumar a bagunça,então entregam o produto ao cliente e recebem o pagamento devido. 

Naturalmente, consideram que o que pedem ao tradutor humano para fazer seja "editar" ou "corrigir" a tradução, e a baixíssima taxa oferecida por eles reflete essa consideração. No entanto, dependendo do assunto e do estilo no documento original, a tarefa de limpeza geralmente leva mais tempo do que fazer toda a tradução de A para Z. Por quê? Termos e tempos verbais mudam sutilmente de idioma para idioma, e a máquina não sabe qual deles selecionar.

Os tempos de verbos não são idênticos de um idioma para outro, então, quando um robô faz o trabalho, não é apenas a gramática básica e o "significado" que se tornam fracos, mas boa parcela da precisão pode ser perdida com o clique de um botão.

Vejamos um exemplo simples. Um anglófono não entende: "Ladrões têm tomado os diamantes e o dinheiro" e "Ladrões tomaram os diamantes e o dinheiro" como sendo exatamente a mesma mensagem. Enquanto em francês, por exemplo, o tempo do verbo seria o mesmo e o escritor provavelmente explicaria o atual paradeiro dos diamantes e do dinheiro por outros meios: provavelmente adicionando palavras ou uma frase.
Da mesma forma, em inglês, geralmente não usamos mais o 'um' para evitar a seleção de um pronome.

Por exemplo: um roubou minha carteira / Alguém roubou minha carteira / (Voz passiva) Minha carteira foi roubada.

Há muito mais a dizer sobre o uso excessivo da voz passiva e outras gafes  que devem ser evitadas para obter-se o que consideramos "bom inglês". Uma máquina nem sempre consegue detectar com precisão tais sutilezas ou, mais importante, não pode reescrever a sentença de modo que realmente faça sentido para o leitor.

É verdade que é simpático, colorido e divertido pedir um 'Apple Grumble'. Este tipo de "colorido" próprio do local é deliciosamente maravilhoso. Talvez nunca deva mudar!

Então, enquanto todos continuamos aplaudindo a cor e o charme das peculiaridades de cada lugar - mesmo com os erros -, lembremos de aplaudir a excelência linguística também! Cada coisa a seu tempo é uma boa filosofia.
O inglês está "em todos os lugares", mas não é necessário que sofra tanto justamente por esse sucesso ...

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