segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Using Language To Change The World - USANDO A LINGUAGEM PARA MUDAR O MUNDO


          Disseminando conhecimentos - Exercícios de tradução



                        Tradutores sem Fronteiras, empoderados por MateCat

Na primavera de 2014, um surto do vírus Ebola começou a se espalhar rapidamente pela África Ocidental, na região onde a Guiné, Libéria e Serra Leoa compartilham fronteiras. Nas primeiras semanas do surto os casos foram limitados às aldeias periféricas, mas no início do verão as principais cidades, como Conakry (população de 2 milhões) e Monróvia (pop. 1 milhão), relataram casos.
Além dos sintomas violentos e a alta taxa de mortalidade, o que torna o vírus Ebola particularmente terrível é o fato de que ele pode se espalhar através do contato com os fluidos corporais de uma pessoa infectada - inclusive o suor. Assim, membros de famílias que enterravam os entes queridos vitimados pela doença, rapidamente ficaram doentes.
Em uma epidemia como essa, o pânico e a desinformação podem se espalhar tão rapidamente quanto o próprio vírus. Transmitir informações precisas e confiáveis ​​para as populações afetadas - mesmo para instruí-las a não tocar em um ente querido infectado - torna-se uma questão de vida e morte.
Nessa parte do mundo, é mais fácil falar do que fazer isso. Embora os países falem oficialmente os idiomas principais - inglês na Libéria e na Serra Leoa, e o francês na Guiné - na realidade as populações locais se comunicam numa dezena de línguas nativas. Instruções escritas em francês podem ser ilegíveis para um guineense que só se comunica em Guerzé.
A organização Tradutores Sem Fronteiras (TWB, sigla em inglês) atendendo à crise do Ebola no final de 2014 e início de 2015, rapidamente efetuou traduções em muitos idiomas locais, bem como em diversas línguas utilizadas por toda a África, onde o medo da doença tomou conta. Sem fins lucrativos, TWB foi capaz de trabalhar com um grande número de tradutores profissionais e comunitários, realizando a tarefa de permitir a comunicação entre os socorristas e as populações nativas.
Este é o tipo de desafio que os tradutores sem fronteiras enfrentam todos os dias. Sua equipe com mais de 20 mil tradutores, profissionais voluntários e comunitários, teve que se mobilizar para dar informações às pessoas em meio à crise onde cada segundo era vital.
Como parte dos esforços da organização para responder rapidamente e eliminar as barreiras linguísticas, a equipe atualizou seus processos no início deste ano, criando sua plataforma de tradução Kató. A Kató foi construída em cima da MateCat, com algumas personalizações importantes desenvolvidas pela equipe do TWB, liderada por Mirko Plitt, chefe de tecnologia da TWB.
Os resultados têm sido promissores: a Kató provou ser eficaz com tradutores recém-recrutados que não estavam muito familiarizados com as ferramentas CAT, além de analisar rapidamente os projetos e delegar tarefas de tradução. "Estamos incrivelmente orgulhosos de colaborar na importante missão que o TWB está fazendo, então contatamos Mirko para uma atualização na forma como a plataforma Kató ajudou nos trabalhos dos tradutores."
Como você descobriu sobre a MateCat?
Eu tomei conhecimento da MateCat há vários anos, não só pelo meu papel de especialista em tecnologia da tradução para a Comissão Européia, que financiou alguns dos desenvolvimentos da MateCat por meio de diferentes programas. Também a usei em experiências de pós-edição, e nas turmas de tecnologia de tradução onde ensino, o fato de ser de código aberto e com foco na web , é muito útil. E, finalmente, a promoção dessa ferramenta CAT pela equipe da MateCat, definitivamente tornou difícil passar despercebida.
Por que escolheu usar a MateCat para construir a plataforma TWB Kató?
Embora a tecnologia de código aberto possa parecer como uma escolha natural para uma organização sem fins lucrativos, como os Tradutores sem Fronteiras, meus planos iniciais foram, na verdade, selecionar um dos outros vários sistemas comerciais fortes no mercado. No final, restaram dois ou três fatores que nos levaram a escolher a MateCat em vez disso, ambos em última instância, vinculados à missão TWB, que é, naturalmente, diferente daquelas de LSPs ou departamentos de localização, e aos quais os fabricantes de ferramentas CAT comerciais atendem.
Mais importante, achamos que o MateCat era particularmente acessível para tradutores e oficiais de projetos com pouca ou nenhuma experiência de ferramenta CAT, que provavelmente é mais prevalente no contexto de trabalho TWB do que em um LSP típico. O custo potencial da perda de sofisticação não foi relevante no caso do TWB, porque a maioria dos recursos mais avançados encontrados nos sistemas comerciais - e que, naturalmente, pode fazer uma grande diferença em uma configuração de negócios, não são usados ​​em nossos processos.
No ano passado, O TWB passou por uma grande mudança no nosso "modelo", especificamente o relacionamento com nossos parceiros de organizações sem fins lucrativos que utilizam os serviços de nossos tradutores voluntários, ou outros serviços que oferecemos. Esta mudança exigiu uma integração bastante profunda da nossa ferramenta CAT com nosso sistema de gerenciamento de relacionamento com o cliente sem fins lucrativos, bem como com outros sistemas que são fundamentais para o nosso trabalho, como o TWB Workspace (ou seja, nossa instância do Centro de tradução ProZ.com) e, mais recentemente, a plataforma Trommons da Fundação Rosetta.
Foi mais fácil para nós, lidarmos com o tipo de trabalho de integração que tínhamos que fazer com um sistema de código aberto.
Quais foram as principais vantagens da construção baseada na MateCat?
Trabalhar com uma solução de código aberto oferece uma vantagem particular na parceria com organizações que preferem abordagens que possam capacitar as comunidades locais. Distribuir gratuitamente as licenças de ferramentas CAT comerciais, amplamente utilizadas, pode ser um ótimo modelo em algumas situações. Entretanto, em outras, fornecer aos linguistas locais ferramentas que eles possam adaptar às necessidades de sua comunidade, pode ser o mais adequado.
Outra vantagem para nós foi o foco na Web da MateCat, e seu modelo leve de gerenciamento de projetos. As funções de trabalho em equipe da MateCat também estão se tornando cada vez mais importantes, como o compartilhamento de comentários entre tradutores, revisores e gerentes de projetos, ou a interface de revisão e garantia de qualidade.
Como a TWB usa a Kató?
Usamos a Kató para disponibilizar uma grande variedade de conteúdo traduzido. Há muitos conteúdos relacionados com assistência médica e nutrição, mas também há muitas traduções rápidas, como pôsteres, folhetos ou artigos diários de notícias com informações críticas para as populações afetadas por crises.
Kató é o ambiente de tradução recém-aprimorado e melhorado da TWB, que é, em essência, nossa instância MateCat personalizada. Para isso, adicionamos outros recursos, tais como a integração de traduções faladas, gravadas para um público não-familiarizado com a leitura, ou para uso em situações de crise, quando a informação precisa ser transmitida em formato de áudio. Usamos a interface de tradução e revisão MateCat (que, ao contrário de outras partes do sistema, não modificamos), bem como a API para integrar os processos de nossos parceiros sem fins lucrativos.

Como os seus processos mudaram com a Kató?

A partir da utilização desse sistema melhorado, juntamente com algumas outras mudanças para as operações da TWB, sentimos que o fluxo de trabalho de nossos tradutores voluntários transcorreu com maior eficiência. A introdução da Kató significa que os tradutores já não necessitam de baixar arquivos para serem traduzidos offline, usando uma ferramenta CAT de sua escolha, ou às vezes nenhuma ferramenta CAT, e depois carregar os arquivos já traduzidos. Agora, em vez disso, os tradutores recebem links para a Kató, e podem traduzir diretamente, on-line, usando a memória de tradução dedicada que atribuímos manual ou automaticamente.
Isto é especialmente bom quando se trabalha com equipes de tradutores. Anteriormente, dividíamos os documentos manualmente em vários arquivos, e cada tradutor baixaria e traduziria alguns deles. Em termos de mudança de processo, a capacidade de dividir as traduções e registrar revisões dentro de uma equipe, talvez seja o maior ganho obtido graças à Kató.

Qual foi a primeira campanha onde a Kató fez a diferença?
Nosso projeto-piloto foi uma volumosa tradução sobre assistência médica, e que se estendeu por vários meses, também envolvendo a formação de um grupo de tradutores na Guiné, África Ocidental. Além de trabalhar com a equipe na Guiné, também tivemos voluntários em outras partes do mundo, apoiando o projeto como revisores e mentores. A equipe traduziu cerca de um milhão de palavras de conteúdo desenvolvido pela Universidade Aberta, especificamente para profissionais de saúde na África subsaariana.
A equipe guineense não possuia experiência com CATs, e foi particularmente encorajador ver os benefícios da curva de aprendizado relativamente plana da MateCat. Uma restrição que não tínhamos previsto, resultou favorável à solução baseada na web, como a MateCat. Nós fornecemos treinamentos com laptops Linux, pois o transporte de outras configurações teria sido impossível dentro do prazo do projeto. Como se sabe, o Linux foi descartado pelas ferramentas CAT de uso comercial que inicialmente tínhamos considerado para este projeto.
Posso dizer com segurança que não conseguiríamos completar tão importante projeto sem uma ferramenta de tradução moderna como a MateCat.
Quantos tradutores estão trabalhando na Kató?
A comunidade original de tradutores da TWB tinha mais de 4.000 voluntários. No entanto, esse número já triplicou desde a recente fusão da TWB com a Fundação Rosetta. Trommons, a plataforma de tradução de fonte aberta da Rosetta, agora também está sendo integrada à Kató e, para os próximos meses, esperamos que o número de usuários continue crescendo rapidamente, se aproximando ou até ultrapassando os 20 mil tradutores profissionais e comunitários.
Quais são os idiomas mais procurados?
As principais línguas para as quais traduzimos são francês, espanhol, inglês e árabe. Mas talvez seja mais significativo o "longo novelo" das línguas em que traduzimos, como a equipe MateCat sabe, porque continua generosamente dando o suporte para idiomas que solicitamos! Traduzimos mais de 200 pares de línguas na Kató somente este ano, e eu suspeito que muitos de nossos leitores na indústria da tradução não chegaram a ouvir, sequer, os nomes de alguns deles.
Quais são os principais objetivos alcançados com a Kató?
Em termos gerais, eu diria que a Kató estabeleceu o terreno para mensurarmos nossas operações de diversas maneiras, enquanto profissionalizamos nossos serviços para parceiros sem fins lucrativos seguindo as melhores práticas da indústria, tais como a garantia de qualidade.
A Kató também nos ajuda a proteger a eficácia do trabalho crucial feito por nossos voluntários - alcançada pelo uso de uma memória de tradução centralizada, que aborda o desafio muito real de redundância de conteúdo até mesmo em organizações sem fins lucrativos. No passado, os voluntários, às vezes, traduziam conteúdo que já havia sido traduzido em um projeto diferente por outro voluntário - em vez de traduzir outros conteúdos potencialmente vitais na fila de espera.
Outro objetivo importante foi dar melhor suporte tanto aos nossos tradutores que não tinham acesso às ferramentas CAT, quanto, na outra ponta, à maior parte dos nossos parceiros sem fins lucrativos que não possuíam ferramentas de tradução. A Kató, portanto, realmente se tornou uma parte central no modo de cumprirmos nossa missão como Tradutores sem Fronteiras.
EQUIPE MATECAT / 17 AGOSTO DE 2017
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