segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O retorno à Lua e um futuro com carbono zero

Disseminando informações - Exercício de tradução



A IMPORTÂNCIA DE UMA NOVA MISSÃO PARA GARANTIR UM FUTURO COM ZERO EMISSÃO DE CARBONO.



"O importante para o governo não é fazer coisas que os indivíduos já estão fazendo, e fazê-las um pouco melhor ou um pouco pior; mas fazer aquelas coisas que, no presente, não são feitas de maneira alguma "
- John Maynard Keynes

Em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram na lua. Quarenta e oito anos depois, o desembarque lunar continua a ser uma das maiores conquistas da humanidade. Mas o "passo gigante para a humanidade" não foi apenas um evento simbólico - teve grandes repercussões para a vida na Terra.

Quando John F. Kennedy anunciou o objetivo de enviar um americano para a Lua em 1961, iniciou-se um frenesi de inovação em toda a economia dos EUA. O trabalho pioneiro da NASA levou a grandes avanços tecnológicos em áreas como eletrônicos e computação, o que gerou impactos em toda a economia. Sem a pesquisa e o desenvolvimento incentivados com a viagem à lua, muitas das principais empresas tecnológicas de hoje talvez não tivessem sido fundadas, e o mundo provavelmente seria um lugar muito diferente.

O programa lunar é um exemplo bem sucedido de política "orientada para a missão". Em vez de se concentrar em setores específicos - como na política industrial tradicional - a política orientada para a missão se concentra na superação de um desafio comum a toda uma sociedade. Envolve o pensamento estratégico sobre a direção em que queremos avançar e o tipo de instituições e tecnologias que precisamos para chegar lá.

A importância da política orientada para a missão reside no fato de que a inovação tem uma taxa e uma direção. A direção pode ser deixada para a mão invisível do mercado, ou pode ser ativamente orientada pelos formuladores de políticas para moldar novos futuros. Se o governo dos EUA não definisse o objetivo de colocar um homem na lua, a tecnologia que nos levou lá provavelmente nunca teria sido desenvolvida, e certamente não dentro do mesmo período. Guiados pela lógica da maximização do lucro, não havia incentivo para o setor privado assumir a tarefa. Os recursos necessários, e os riscos envolvidos, eram simplesmente muito grandes.

Os economistas geralmente saúdam a empresa privada como o motor da inovação. Mas quando se tratam de grandes avanços tecnológicos do século passado, a realidade é que a maior parte do investimento pesado foi feito pelo estado. Como Mariana Mazzucato destacou, muitos dos avanços mais ousados ​​da humanidade - desde internet e microchips, até a biotecnologia e a nanotecnologia - só foram possíveis por investimentos do setor público nos estágios iniciais. Em cada uma dessas áreas, o setor privado só entrou muito mais tarde, acompanhando os avanços tecnológicos tornados possíveis por investimentos públicos de longo prazo e de alto risco.

Mas, durante décadas, a política na Grã-Bretanha foi guiada por uma suposição de que o mercado conhece melhor. Isso além de resultar em uma economia fraca e desequilibrada, fez com que as tentativas de inovação muitas vezes se concentrassem em encontrar formas cada vez mais sofisticadas de extrair valor - não criá-lo. 

Enquanto no final da década de 1960, as mentes mais brilhantes do mundo se inspiraram para trabalhar na exploração espacial. No ano 2000, predomina a sedução pelo mundo da feitiçaria financeira. 

Uma enorme quantidade de força intelectual foi dedicada a inventar instrumentos financeiros incrivelmente complexos e "socialmente inúteis". Essas invenções - embora inegavelmente inovadoras - alimentaram uma crise financeira global e, finalmente, acabaram destruindo mais valor do que jamais criaram. 
Os "inovadores" receberam grandes recompensas, enquanto o contribuinte foi deixado com os restos.

 A lição aqui é que a direção da inovação é importante e, portanto, devemos orientar nossos recursos - humanos e financeiros - para atividades que ajudem a resolver problemas sociais reais.

Hoje enfrentamos muitos desafios, mas talvez nenhum deles seja mais urgente do que a mudança climática. A era dos combustíveis fósseis e a produção em massa, geraram uma riqueza sem precedentes, mas o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera levou a um planeta quente. Se permitimos que a temperatura média aumente mais de 2 ° C acima do nível pré-industrial, então o resultado será um dano devastador e irreversível para nosso ambiente e ecossistemas.

Ao contrário dos desembarques na lua, superar esses desafios não é apenas uma questão de curiosidade científica ou supremacia ideológica - é crucial para a sobrevivência da vida como a conhecemos. Mas, como os desembarques na lua, o desafio é tecnológico. Mais do que qualquer outra coisa, superar isso significa encontrar uma maneira de desvincular nossa economia de combustíveis fósseis sem prejudicar os padrões de vida. A política deve, portanto, ser orientada em torno de uma nova missão - fazer uma transição rápida para uma economia de zero carbono.

Para ter sucesso, é preciso haver um enorme investimento em pesquisa e desenvolvimento, e uma transformação radical dos nossos sistemas de energia, transportes e economia. Como antes, a velocidade e a escala da tarefa significam que ela deve ser conduzida pelo estado. Mas na Grã-Bretanha, quatro décadas de neoliberalismo isolaram a capacidade do setor público. Por conseguinte, devem ser tomadas medidas para reconstruir as instituições existentes do setor público e aumentar a sua capacidade de pensar e agir de forma importante. Mas também precisamos estabelecer novas instituições de pesquisa "focadas em missão" para liderar a transição tecnológica. Uma deles poderia ser encarregada de acelerar a revolução da energia, focalizando a pesquisa sobre geração renovável, armazenamento e redes inteligentes, enquanto à outra poderia ser dado um mandato mais amplo para pesquisar novas tecnologias que minimizem o uso de materiais e energia. Com o modelo da NASA, esses órgãos seriam encorajados a experimentar e assumir riscos, e devem ser generosamente financiados para garantir que possam atrair os melhores talentos.

Incentivos e parcerias devem ser estabelecidos para assegurar que o setor privado desempenhe um papel complementar na comercialização e implantação de novas tecnologias, e com recompensas adequadamente compartilhadas com o estado. As famílias devem ser subsidiadas para descarbonizar casas dentro de um determinado período de tempo, através de adaptação verde e novas instalações de energia. Os benefícios disso não só seriam ambientais - uma descarbonização sistêmica de toda a economia criaria milhares de novos empregos de alta remuneração em todo o país.

texto original: clique aqui
Outras postagens neste blog: CLIQUE AQUI
Trabalhos publicados e em andamento: clique aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário