segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Mudanças climáticas - o hiato do aquecimento global



                               

                               Disseminando conhecimentos - Exercício de tradução

São crescentes as evidências contrárias ao chamado hiato das alterações climáticas - o período entre 1998 e 2012 - quando as temperaturas globais supostamente pararam de subir tão fortemente como antes. Esse equívoco pode ser explicado, em parte, pela falta de dados da temperatura do Ártico, revela um novo estudo.
A aparente pausa no aumento das temperaturas globais tinha sido usada como evidência para os céticos do clima sugerirem que a Terra não estava realmente aquecendo em um ritmo não natural.
Para contornar a lacuna de dados, pesquisadores da Universidade do Alasca Fairbanks (UAF) e da China criaram o primeiro conjunto global de dados de temperaturas de superfície. No lugar das informações que faltavam, eles inseriram dados retirados de boias à deriva no oceano Ártico durante o chamado hiato do aquecimento global, informaram os pesquisadores.


"Nós recalculamos as temperaturas globais médias de 1998 a 2012, e descobrimos que a taxa de aquecimento global continuou a subir a 0,112 graus Celsius [0,2 graus Fahrenheit] por década, em vez de diminuir para 0,05 graus C [0,09 graus F] por década, como se pensava anteriormente ", declarou o co-pesquisador Xiangdong Zhang, cientista atmosférico do Centro Internacional de Pesquisa do Árctico da UAF.
As novas estimativas revelam que o Ártico se aqueceu rapidamente durante esse período - mais de seis vezes a média global, disse Zhang, que também é professor da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática da UAF.
Os pesquisadores usaram os dados de temperatura do ar de superfície, recentemente reconstituídos, para montar esse gráfico, o que mostra a distribuição espacial da taxa de aquecimento anual do Ártico de 1998 a 2012.


Crédito: Figura cortesia de Xiangdong Zhang

Cuidado com o intervalo

O motivo da diferença de dados é simples: por se tratar de um local remoto, o Ártico não possui uma rede robusta de instrumentos que coletem dados de temperatura do ar, revelaram os pesquisadores.
Para preencher essa lacuna, a equipe usou dados de temperatura coletados do Programa Internacional da Boia Ártica da Universidade de Washington, que lhes permitiu conhecer as temperaturas do ar da superfície do Ártico de 1900 a 2014, para o estudo dos pesquisadores. Que também usaram os recém corrigidos dados mundiais sobre a temperatura da superfície do mar, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica. (A base de dados governamentais sobre temperatura são corrigidos, ou seja, examinados, antes do lançamento oficial, conforme relato prévio da Live Science.)
Os pesquisadores incorporaram a informação relativa ao Ártico aos dados globais. Em seguida, com dados mais precisos e representativos, re-estimaram as temperaturas globais médias de 1998 a 2012, disse Zhang.

Uma equipe de pesquisa implanta um sinalizador de gelo - uma ferramenta com sensores que medem a posição do GPS, a espessura do gelo, as temperaturas e outros parâmetros - no mar gelado do norte do Alasca.
Crédito: Ignatius Rigor / Centro de Ciência Polar, Laboratório de Física Aplicada, Universidade de Washington

O hiato

O hiato é um tema controverso entre os cientistas climáticos. À época, e logo após o hiato, muitos pesquisadores reconheceram que os dados de temperatura indicavam que a Terra ainda estava aquecendo, mas não tão rapidamente como antes daquele período de 14 anos. Os céticos da mudança climática aproveitaram esses achados, usando a pausa como evidência, para mostrar que a mudança climática feita pelo homem não era real - informe anterior no Live Science.

Ao longo do século passado, a temperatura média da Terra aumentou à medida que as tecnologias produzidas pelo homem emitiam mais gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, que permanecem na atmosfera e aprisionam o calor.

É por isso que o chamado hiato de aquecimento global confundiu os cientistas. Alguns pesquisadores sugeriram que o incrivelmente quente El Niño 1997 a 1998, e um longo período posterior sem um El Nino no Oceano Pacífico tropical, pode ter reduzido a taxa de aquecimento global.

No entanto, as novas descobertas mostram que essa pausa, no final das contas, não aconteceu, concluíram os pesquisadores. Além disso, o estudo mostra que os dados da temperatura do Ártico são fundamentais para o cálculo das mudanças climáticas. Até recentemente, muitos cientistas não pensavam que o Ártico era grande o suficiente para influenciar fortemente as temperaturas médias globais, disse Zhang.
"O Ártico é remoto apenas em termos de distância física", disse ele. "Em termos de ciência, está bem perto de cada um de nós. É uma parte necessária da equação, e o resultado afeta a todos nós. "
Outro estudo de 2017, publicado no Journal Science Advances, também levantou dúvidas sobre o chamado hiato. Esse estudo mostrou que as medidas inconsistentes da água ajudaram a conduzir ao equívoco do hiato - Live Science informou.

O novo estudo foi publicado on-line, na segunda-feira (Nov. 20), na revista Nature Climate Change.

Artigo original em Live Science.
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