CUIDADO:CRIANÇAS
Dan
Belmont
TRADUZIDO DO INGLÊS – Estória de Dan Belmont
(Texto original, acesse o link acima)
Fonte: Wikimedia Commons
“Geralmente, você vê dois sinais. Um de ‘cuidado com as
crianças’ e outro para o limite de velocidade. Nunca tinha visto
os dois colocados juntos. E também, não os tinha visto por aqui
antes. Acho que nas cidades pequenas as pessoas não dão a mínima
para essas normas federais de trânsito. Dirigem do jeito que bem
entendem e acham que ninguém percebe quando fazem besteira.”
Quase não houve danos ao carro. Max estava pouco além dos 40
quilômetros por hora – afinal, ninguém respeita totalmente esses
limites de velocidade. De qualquer forma, não estava correndo. Quarenta e cinco, talvez cinquenta por hora. Nada que pudesse matar alguém. Pelo
menos não um adulto. Porém, quando a garotinha não deu sinal de
vida após a pancada do carro, Max começou a esperar pelo pior.
O cheiro de borracha queimada e sangue o deixaram enjoado logo que
abriu a porta do veículo. E aquilo que viu foi pior do que imaginou.
Deitada de bruços no asfalto, a
menina parecia uma boneca Barbie desconjuntada, com o pescoço
levemente torto devido há anos de brincadeiras sádicas. As costas
do vestidinho rosa estavam intactas, mas a parte da frente aos poucos
ficava encharcada com o sangue que escorrida da cabeça. E então, percebeu que as fraturas expostas nas duas pernas realmente eram
assustadoras. Por um breve momento, Max imaginou que ela não deveria
ter sentido nenhuma dor. Só começou a entrar em pânico ao deixar
de pensar no azar da garota e lembrar-se da própria má sorte.
Imaginou-se num tribunal de justiça, e em todo o drama de ter que aparentar inocência diante do ocorrido.
Ela simplesmente olhava fixo para a frente, uma expressão de horror
congelada no rosto, incapaz de falar qualquer coisa. A princípio,
Max pensou que o acidente a deixara em estado de choque. Mas então
ele notou que ela olhara em outra direção, ligeiramente à direita.
E ficou perplexo como ela, quando, ao olhar na mesma direção,
cerca de um quilômetro adiante, um pequeno grupo de crianças corria ao encontro deles, e em velocidade digna de impressionar atletas adultos. As meninas vestiam o mesmo tipo de
roupa rosa, e os garotos usavam idênticos uniformes de marinheiros.
Dessa vez, ele ouviu a sugestão da esposa. Apesar de não acreditar que as crianças fossem uma ameaça séria, a visão de se ver rodeado por
dúzias delas o fez esquecer do tribunal por um instante. O carro
deles acelerou por entre o amontoado de gente pequena, quase colidindo
novamente. Pelo espelho retrovisor, Max pode ver dúzias de vestidos
e uniformes saindo à caça dele e da esposa. Mas não se preocupou.
Mesmo se pudessem correr a 20 por hora, a garotada não alcançaria
o carro.
Quando os pés de Max bateram no pedal do freio, seu carro não
passava de um monte de metal retorcido, cheio de fumaça e vidros
estilhaçados. Assim que se livrou do air-bag, seus olhos deram com
o corpo da esposa. A cabeça dela estava caída contra a estrutura
da porta, com o pescoço ligeiramente curvado, igual ao da garotinha
atropelada. Tornando a olhar pela janela, antes de fechar os olhos,
percebeu a horda de crianças furiosas vindo em sua direção.
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