segunda-feira, 1 de junho de 2015

DUBLINERS - James Joyce - Sugestão de tradução para o idioma português.


DUBLINERS

James Joyce


(need translations? English to Portuguese? click https://tonyed35.wixsite.com/traduzindo

tradução: Eduardo Rodrigues (ainda não revisada)

AS IRMÃS



Não havia esperança para ele desta vez: foi o terceiro derrame. Noite após noite eu passava pela casa (estava de férias) e observava a janela iluminada. Percebi que nada se alterava naquele quadrado de uma luz suave e sempre igual. Se ele estivesse morto, pensei, eu veria o reflexo das velas na escuridão, pois sabia que duas delas eram colocadas na cabeceira onde ficavam os defuntos. Achava que quando ele me dizia que não ficaria muito tempo nesse mundo, fosse da boca pra fora. Mas agora sei que não. Todas as noites, enquanto ficava olhando aquela janela no alto, uma palavra insistia em surgir na minha mente: paralisia. Era uma palavra que sempre soou estranha aos meus ouvidos, da mesma forma que gnômon em Euclides e simonia no catecismo. Mas agora dava a impressão de ser o nome de algum ser maléfico e pecaminoso. Todo esse clima ao mesmo tempo que enchia de medo, exercia uma atração que despertava minha vontade de estar por perto daqueles preparativos funerários.
Quando desci as escadas para o jantar, o velho Cotter estava sentado e fumando junto à lareira. Enquanto minha tia preparava meu prato, ele disse, como se estivesse retomando um assunto há pouco interrompido:
'Não, Eu não diria que ele era exatamente. . . mas havia algo esquisito. . .havia algo diferente nele. Eu vou te falar a minha opinião. . .'
E como que para ganhar tempo de organizar as ideias, começou a pitar seu cachimbo. Velho idiota! Quando nós o conhecemos até que costumava ser interessante falando sobre fabricação de bebidas alcoólicas. Mas logo me cansei dele e de suas histórias sobre destilarias.
'Eu tenho minha teoria sobre isso', disse. 'Eu penso que era um desses casos esquisitos . . .mas é difícil dizer . . .'
E então começou a pitar de novo sem nos contar sua teoria. Meu tio virou-se para mim e disse:
'Bem, então seu velho amigo se foi, você ficou triste de saber.'

'Quem?' perguntei.

'Padre Flynn'

'Ele morreu?'

'Foi isso que o Senhor Cotter acabou de nos dizer. Ele estava passando pela casa'

Eu sentia que estava sendo observado, então continuei comendo como se a notícia não me interessasse. Meu tio explicou ao velho Cotter:

'O jovem aqui e o padre eram grandes amigos. O velho o ajudou com os estudos e disseram que tinha grande consideração por meu sobrinho”.

'Deus tenha piedade de sua alma', falou minha tia, piedosamente.

Cotter me olhou por um instante. Senti que seus olhos negros brilhavam enquanto me examinava, mas não ia lhe dar a satisfação de me ver levantar os olhos e encará-lo de volta.
Voltou ao seu cachimbo e logo em seguida cuspiu grosseiramente na lareira.

'Eu não gostaria que uma criança minha,' ele disse, ' ficasse de conversa com um homem como aquele.'

'O que o senhor quer dizer, Mr. Cotter?' perguntou minha tia.

'Eu quero dizer que é ruim para uma criança. Meu pensamento é: deixe um jovem com outros jovens, de sua mesma idade, nada mais....estou certo Jack?'

'É desse jeito que eu penso também,' disse meu tio. 'Deixe-o com as coisas de sua idade. É o que tenho dito sempre aos Rosacruzes: se exercitem. Porque quando eu era um garoto, tomava banho frio todas as manhãs, fosse inverno ou verão. E é o que me mantém de pé até hoje. Disciplina é tudo....' então virando-se para minha tia, acrescentou: 'Mr. Cotter talvez queira um pedaço da perna de carneiro.'

'Não...não, não para mim,' falou o velho Cotter

Minha tia trouxe a travessa e a colocou na mesa.

'Mas por que acha que não é bom para as crianças, Mr. Cotter?' ela perguntou.

'É ruim porque suas mentes são muito impressionáveis. Quando uma criança vê coisas como aquelas...vocês sabem...provocam um efeito...'

Assustado, entupi a boca com mingau. Fiquei com medo de deixar escapar minha raiva. Velhote maçante e estúpido de nariz vermelho!
Já era tarde quando senti sono. Embora estivesse zangado com o velho Cotter por ter se referido a mim como uma criança, tentei pensar no significado de suas frases inacabadas. Na escuridão do meu quarto, imaginei ver o rosto cadavérico do paralítico. Enfiei minha cabeça debaixo do cobertor e tentei pensar na época de natal. Porém aquele rosto acinzentado ainda me perseguia. Murmurava, e eu entendi que ele desejava confessar algo. Senti como se minha alma voltasse para algum lugar aprazível e viciante, e lá estava de novo esperando por mim. Começou sussurrando,  e eu me perguntava por que aquilo sorria continuamente com aqueles lábios úmidos de cuspe. Mas quando lembrei que ele tinha morrido paralítico, percebi que eu estava sorrindo da mesma forma como se fosse absolvê-lo de seus pecados simoníacos.
Na manhã seguinte após o desjejum, fui ver a casinha que ficava na rua Great Britain. Era uma loja modesta, registrada com o nome impreciso de Drapery. Vendia calçados de crianças e sombrinhas; e costumava ter um cartaz pendurado na janela anunciando: Conserto de sombrinhas. No momento, através das persianas levantadas, nenhum anúncio estava visível. Um bouquet de papel crepe estava pendurado na porta. Duas mulheres bem simples e um jovem mensageiro liam o cartão espetado no bouquet. Eu também me aproximei e li:

                                                                  1º de julho de 1895
Reverendo James Flynn (antigo pároco da Igreja de Santa Catarina, Rua Meath), idade de sessenta e cinco anos.
                                                                             R.I.P.

Lendo o cartão, fiquei convencido de que a morte realmente ocorreu e confuso comigo mesmo. Se ele não estivesse morto, eu iria ao quartinho escuro atrás da loja e o encontraria sentado em sua poltrona perto da lareira, quase sufocando em seu sobretudo. Talvez minha tia tivesse me dado um pacote de torradas para levar e tal presente o teria despertado de sua soneca. Era sempre eu que esvaziava o pacote dentro de sua caixa preta de rapé, pois suas mãos tremiam muito e não deixavam que ele o fizesse sem espalhar metade do rapé no chão. Mesmo quando ele erguia a mão enorme e trêmula até o nariz, pequenas nuvens de fumaça fugiam por entre seus dedos acima do sobretudo. Pode ter sido essa constante chuva de rapé que deu o tom esverdeado em suas velhas roupas sacerdotais e escurecido o cachecol vermelho sempre manchado dos grãos acumulados na semana, que ele tentava inutilmente escovar.
Eu desejava entrar e o encontrar, mas não tive coragem de bater.
Fui me afastando lentamente, e enquanto caminhava do lado ensolarado da rua, lí todos os anúncios espalhafatosos nas vitrines das lojas. Estranhei que o dia não parecesse triste, eu também não estava e fiquei aborrecido ao descobrir em mim mesmo uma sensação de liberdade, como se a morte dele tivesse me livrado de alguma coisa. Queria saber a razão dessa sensação, afinal, como disse meu tio na noite anterior, o falecido tinha me ensinado muita coisa. Ele tinha estudado na Faculdade Irlandesa em Roma e me ensinou a correta pronúncia do latin, contou histórias sobre as catacumbas e sobre Napoleão Bonaparte, discorreu sobre os significados das diferentes cerimônias das missas e sobre as várias vestimentas dos padres. Algumas vezes se divertia colocando questões difíceis para mim, perguntando-me o que alguém deveria fazer em certas circunstâncias ou se tais e tais pecados eram mortais, veniais ou somente imperfeições. Seus questionamentos me mostraram como eram complexas e misteriosas certas práticas da Igreja que eu sempre tinha considerado como atos símples. As funções dos padres relativas a Eucaristia e o sigilo do Confessionário pareciam tão solenes que eu me perguntava como alguém achava coragem para realiza-las; e eu não fiquei surpreso quando ele me contou que os fundadores da Igreja tinham escrito livros tão grossos quanto uma lista telefônica e rigorosamente impressas tais como as notas legais dos jornais, explicando todas aquelas intrincadas questões. Sempre que eu pensava sobre isso, não achava respostas ou somente algumas bobas e hesitava, então ele costumava sorrir e balançar a cabeça duas ou três vezes.
De vez em quando ele me colocava nos preparativos de missas das quais tinha me envolvido emocionalmente ; e enquanto eu tagarelava, ele sorria pensativamente balançando a cabeça, e então aspirava grandes porções de rapé, em cada uma das narinas.
Quando sorria, exibia seus grandes dentes manchados e deixava a língua cair sobre o lábio inferior – um hábito que no início de nossa relação, antes de o conhecer bem, me causava certo desconforto.
Enquanto ia caminhando debaixo do sol, lembrei das palavras do velho Cotter e tentei trazer de volta à memória o que tinha acontecido no meu sonho. Lembrava de ter notado longas cortinas de veludo e um lampião antigo. Senti que tinha estado em algum lugar muito distante, de costumes estranhos – talvez na Pérsia, pensei...Mas não conseguia lembrar de como o sonho terminava.
No final da tarde minha tia me levou com ela para visitar a casa onde acontecia o velório. O sol já tinha sumido; mas as vidraças que davam para o oeste refletiam o brilho amarelado de um grande conjunto de nuvens.
Nannie nos recebeu no hall; e como seriam inadequados cumprimentos efusivos, apenas apertaram as mãos. A velha senhora levantou a cabeça, com o queixo apontando para o andar de cima e quando minha tinha acenou concordando seguiu na nossa frente em direção à estreita escada, sua cabeça inclinada mal passava da altura do corrimão. Parou ao chegar no primeiro andar e acenou nos encorajando a passar pela porta da sala do velório. Minha tia entrou e a mulher vendo que eu hesitava, começou a me acenar repetidamente com a mão.
Eu entrei quase que na ponta dos pés. Através da fina cortina de renda, uma luz de um dourado sombrío empalidecia a chama das velas dentro da sala. Ele estava dentro de um caixão. Com um gesto de Nannie, nos ajoelhamos aos pés da cama. Eu fingi orar mas não conseguia me concentrar por causa do murmurar das velhas senhoras. Notei como a borda de sua saia estava desajeitada e a bota de pano toda amassada de um dos lados. A imagem fantasiosa de que o velho padre estava sorrindo dentro do caixão, passou pela minha cabeça.
Mas não. Quando nos levantamos e fomos até a cabeceira da cama, eu vi que ele não estava sorrindo. Estava lá deitado, solene e elegantemente vestido como que pronto para o altar, suas mãos enormes quase não seguravam um cálice. Seu rosto tinha uma expressão severa, acinzentada e pesada, com cavernosas narinas negras e cercadas por esparsas áreas de pele branca. Havia um forte cheiro na sala – as flores.
Fizemos o sinal da cruz e saímos. Lá embaixo, em um pequeno cômodo, encontramos Eliza sentada em sua poltrona. Fui em direção à minha cadeira no canto enquanto Nannie foi até um aparador e trouxe uma jarra de sherry e alguns copos de vinho. Colocou tudo em uma mesa e nos convidou. Então, a pedido de sua irmã, começou a encher os copos e a nos servir. Recusei quando me ofereceu biscoitos, pensei que faria muito barulho ao comê-los. Acho que pareceu desapontada com minha recusa, então foi sentar no sofá atrás de sua irmã. Ninguém falava: todos olhávamos para uma lareira vazia.
Minha tia esperou até o momento em que Eliza soltou um suspiro, então falou:

'Ah, bem...ele se foi para um mundo melhor.'

Eliza suspirou novamente e acenou com a cabeça concordando.
Minha tia tamborilou com os dedos no copo antes de bebericar um pouquinho, e perguntar:

'Ele estava...em paz?'

'Oh, bastante tranquilo, senhora,' disse Eliza 'Você não poderia dizer quando parou de respirar. Ele teve uma boa morte. Deus seja louvado.'

'E no mais...?'

'Padre O'Rourke esteve com ele na terça-feira dando a extrema-unção, trazendo conforto e tudo mais.'

'Ele sabia então?'

'Estava bem resignado.'

'Ele parece bem resignado,' disse minha tia.

'A mulher que preparou o corpo também disse. Falou que ele parecia estar dormindo, transmitia muita paz e resignação. Ninguém pensaria que era um lindo cadáver.'

'Sim, de fato,' minha tia concordou, bebericou mais um pouquinho de seu copo e disse:

'Bem, Senhorita Flynn, deve ser muito reconfortante para você saber que fez tudo que podia e eu tenho que dizer que vocês foram muito gentis com ele.'

Eliza ajeitou delicadamente o vestido por cima de seu joelho.

'Ah, pobre James!' disse. 'Deus sabe que nós fizemos tudo que podíamos, apesar de sermos tão pobres – não queríamos vê-lo sentindo falta de nada enquanto estivesse aqui.'

Nannie tinha a cabeça apoiada no encosto do sofá e parecia ter caído no sono.

'Pobre Nannie,' disse Eliza olhando para ela, 'apagou. Todo o trabalho que tivemos, ela e eu, ajudando a mulher a lavá-lo, preparando-o e então o caixão e os arranjos para a missa na capela. Não fosse pelo Padre O'Rourke eu não sei se faríamos tudo. Foi ele que trouxe todas as flores, dois castiçais e escreveu a nota de óbito para o Freeman's General e tomou a seu cargo toda a papelada do cemitério e o seguro do pobre James.'

'Quanta bondade da parte dele, não?' disse minha tia.

Eliza fechou os olhos e balançou a cabeça lentamente

'Ah, não existem amigos como os velhos amigos,' disse, 'quando tudo já foi dito e feito, não aparecem amigos em quem confiar.'

'De fato, isso é verdade,' falou minha tia. 'e eu estou certa que ele agora foi para sua recompensa eterna e não esqueceu de vocês e toda sua gentileza para com ele.'

'Ah, pobre James!' Eliza continuou. 'Ele não foi um estorvo para nós. Você não iria ouvi-lo dentro de casa mais do que agora. Ainda assim, eu sinto que ele se foi e tudo...'
'E quando tudo isso passar, vocês sentirão falta dele,' disse minha tia.

'Eu sei disso, não poderei levar o caldo de carne dele, e nem a senhora poderá mais lhe enviar o rapé. Ah, pobre James!'

Ela parou de falar, parecia que estava se comunicando com o passado, e então disse cuidadosamente:

'Caso interesse, eu notei que algo o incomodava nos últimos instantes. Quando trouxe a sopa, o encontrei desfalecido na poltrona, a boca aberta e o breviário no chão.'

Ela encostou um dedo no nariz, franziu as sobrancelhas e continuou:

'Mas ele só ficava repetindo que antes do verão acabar, queria tirar um bendito dia para ver novamente a velha casa onde nós todos tínhamos nascido em Irishtown e que iria nos levar com ele, eu e Nannie. Se ao menos pudéssemos ter uma dessas novas carruagens que não fazem barulho das quais Padre O'Rourke nos falou, aquelas que têm rodas 'reumáticas', baratinhas por um dia – ele disse, as do Johnny Rush's, que levasse nós trê em uma tarde de domingo. Ele só pensava nisso...Pobre James!'

'O Senhor tenha piedade da alma dele!' consolou-a minha tia.

Eliza pegou seu lenço e enxugou os olhos e voltou a guardá-lo no bolso; ficou olhando para a grelha vazia sem nada falar.

'Ele sempre foi excessivamente meticuloso,' ela falou. 'Os deveres do sacerdócio foram sacrificantes para ele. E então sua vida foi, pode-se dizer, de muita aflição.'

'Sim,' minha tia concordou. 'Ele se tornou um homem decepcionado. Você podia ver isso.'

O silêncio tomou conta da pequena sala e, protegido por ele, me aproximei da mesa e provei do meu sherry. Então, silenciosamente, retornei à cadeira no canto.
Esperamos respeitosamente que ela quebrasse o silêncio: e depois de uma longa pausa Eliza falou bem devagar:

'Aqui está o cálice que ele quebrou...Isto foi o início. É claro que disseram que estava tudo bem, que não tinha nada dentro, quer dizer. Mas mesmo assim...Falaram que era culpa do rapaz. Mas pobre James, estava tão nervoso. Deus seja misericordioso com ele!'

'E o que foi que houve?' perguntou minha tia. 'Eu escutei algo a respeito...'

Eliza assentiu com a cabeça.

'Isto perturbou sua mente,' disse. 'Depois disto ele começou a se lastimar, não falava com ninguém e resmungando a respeito, consigo mesmo. Então uma noite fizeram uma ligação para ele, mas não o encontraram em lugar nenhum. Procuraram por todo lado, mesmo assim não conseguiram vê-lo. Daí o sacristão sugeriu tentar a capela. Levaram a chave e abriram, o sacristão e o Padre O'Rourke e um outro padre que estava por lá trouxe a luz para procurá-lo... E sabia que lá estava ele sentado sozinho no escuro de seu confessionário, bem acordado e meio que rindo baixinho consigo mesmo?

Ela se calou de repente, como se fosse escutar algo. Eu também escutei; mas não havia som nenhum lá: e eu sabia que o velho padre ainda estava deitado em seu caixão como nós o tínhamos visto, solene e pesado em morte, e um cálice inútil em seu peito.
Eliza continuou:

'Bem acordado e rindo consigo mesmo...então, é claro, quando viram isso, logo pensaram que tinha alguma coisa errada com ele...'

UM ENCONTRO

Foi Joe Dillon quem nos apresentou ao mundo do Velho Oeste. Joe possuía uma "biblioteca" sobre o assunto! Composta de dois livros:  Union Jack e Pluck and the Halfpenny Marvel.  Todas as tardes após a escola, nós encontrávamos no quintal da casa de Joe, onde aconteciam as batalhas. Ele e o irmão gorducho , Leo "preguiça", ocupavam o barracão do estábulo, enquanto nós tentávamos tomar o local.  Às vezes o gramado servia de palco para as guerras.  Mas por melhor que brigássemos, nos nunca vencíamos o cerco, e todos os nossos esforços terminavam com Joe Dillon fazendo a dança da vitória.  Os pais dele saiam sempre às oito horas e a casa ficava com o agradável perfume da Sra. Dillon.  Joe brincava como se fosse uma guerra de verdade, e nós éramos bem mais jovens e tímidos.  Ele dava voltas no jardim, com uma espécie de panela na cabeça e batendo numa lata com os punhos, gritando:"Ya!yaka!yaka!yaka!".

Ninguém acreditou quando espalharam que o índio violento tinha vocação para a vida religiosa.  Contudo era a mais pura verdade.

Um sensação de rebeldia difundiu-se entre nós.  E sob sua influência, abandonamos diferenças de cultura e comportamentos.  Juntos, começamos a nos transformar, alguns por rebeldia, alguns por diversão, e até por medo, e entre esses últimos, os "índios" briguentos, que não queriam demonstrar fraqueza ou falta de virilidade.  As aventuras descritas nos livros de faroeste estavam muito distantes de minha realidade, mas ao menos serviram para ampliar meus horizontes.  Sempre gostei mais das histórias de detetive, onde lindas e sensuais garotas provocavam minha imaginação.  Essas literaturas, embora despretensiosas, circulava clandestinamente pela escola.  Certa ocasião, quando Padre Butler dava uma aula sobre História Romana, o atrapalhado Leo Dillon foi apanhado com uma cópia de suas histórias sobre o velho oeste.
'Esta página ou a outra? Levante-se Dillon! - o padre começou a ler - " Mal tinha amanhecido..." prossiga rapaz! Que dia é esse? Você estudou? Oque você tem no bolso?'
Nossos corações dispararam e, sem exceção, todos fizemos caras de inocentes quando Leo exibiu o livro que o padre começou a folhear atentamente.
'Que lixo é esse?' perguntou, 'O Chefe Apache'! É isso que você tem lido ao invés de estudar a História romana? Nunca mais quero encontrar essas coisas na escola. O autor disto aqui foi um infeliz que escrevia por míseros trocados para a bebida! Estou surpreso por um rapaz educado como você, ler isso! Poderia entender se estivéssemos...em uma escola pública! Rapaz, vou lhe dar um sério aviso: volte aos seus deveres ou...'
Essa censura firme teve o efeito de tirar muito da glória do velho oeste, e a cara assustada do gorducho Leo, me chamou de volta às minhas responsabilidades.  Mas esse efeito durava pouco, e quando longe da influência da escola, aquelas sensações de rebeldia e fuga que as histórias pareciam proporcionar, voltavam forte. As brincadeiras de guerra ao final da tarde acabaram se tornando tão enfadonhas quanto a rotina escolar das minhas manhãs; eu ansiava por participar de aventuras reais.  Porém, refleti, a realidade que eu desejava não acontecia para pessoas que ficavam enfurnadas dentro de casa: deveriam ser buscadas no mundo lá fora.
As férias de verão estavam bem próximas quando meti na cabeça que, nem que fosse só por um dia, mandaria às favas aquela chatice de vida escolar.  Junto com Leo Dillon e um outro garoto chamado Mahony, planejei um dia para matarmos aula.  Cada um de nós economizara alguns poucos trocados, cerca de seis pences. Nos encontramos às dez da manhã na ponte do canal. A irmã mais velha de Mahony escrevera uma carta solicitando que ele fosse dispensado da escola; o irmão de Leo justificaria  a ausência dele com a desculpa de uma doença repentina.  O plano era caminhar ao longo da estrada Wharf até chegarmos nos navios, daí, atravessar numa balsa e caminhar para bisbilhotar a Pigeon House¹³.

Leo Dillon tinha medo de que encontrássemos o padre Butler, ou qualquer conhecido da escola; porém, muito tranquilo, Mahony perguntou o que o padre poderia estar fazendo por aquelas bandas da Pigeon House.  Assim, mais seguros, eu dei início ao primeiro estágio do plano e coletei os trocados de meus companheiros, mostrando-lhes também as minhas moedas. Na véspera, ao iniciarmos os preparativos, estávamos um tanto empolgados; gesticulávamos em meio à risadas, enquanto Mahony declarava:
"Não vejo a hora de chegar amanhã, camaradas!"
Aquela noite eu mal consegui dormir.  Logo pela manhã fui o primeiro a chegar na ponte do encontro, até porque era quem morava mais perto do lugar.
Tratei de esconder meus livros numa moita de mato alto no jardim, sabendo que ninguém nunca bisbilhotava por ali  e apressei-me ao longo da margem do canal, era uma manhã ensolarada de início de junho.  Tratei de sentar na mureta de pedra e fiquei admirando meus frágeis sapatos de lona que, na noite anterior, dera um trato no capricho.  Me distraí com a visão dos dóceis cavalos que puxavam  bondes cheios de pessoas colina acima.  Todos os galhos das árvores altas que circundavam a alameda estavam enfeitados com luzinhas em forma de folhas verdes que o sol refletia alegremente na água.  O granito das pedras da ponte estava mais quente e eu tive que começar a me abanar para refrescar um pouco a cabeça.  A sensação era de felicidade.

Após ficar sentado ali por cerca de cinco ou dez minutos, vi o casaco cinza de Mahony se aproximando.  Sorrindo, ele subia a colina, e logo se aboletou na mureta da ponte, ao meu lado.  Enquanto esperávamos ele retirou um estilingue que enchia o bolso interno da jaqueta e explicou sobre os aperfeiçoamentos que fizera naquilo.  Perguntei por que tinha trazido aquele negócio, ao que ele revelou pretender se divertir com os pássaros.  Mahony usava e abusava das gírias, e se referia ao padre Butler como  velhote buscapé.  Esperamos lá por mais de quinze minutos, e mesmo assim nem sinal de Leo Dillon.  Por fim, Mahony saltou da mureta e disse:
'Vamos embora.  Eu sabia que o gordinho ia fuder com tudo.'
'Mas, e os trocados dele...?'  perguntei.
'Perdeu,' foi a resposta.  'E tanto melhor para a gente - em vez de um trocado, ficamos com trocado e meio.'

Caminhamos ao longo da estrada marginal norte até alcançarmos a Vitriol Works e então dobramos à direita para a Wharf Road.  Mahony, assim que ficamos fora do alcance dos olhares alheios, começou a bancar o índio.  Começou a perseguir um bando de garotas maltrapilhas, brandindo o estilingue vazio, e assim que dois moleques esfarrapados começaram a xingar-nos e a atirar pedras em nossa direção, ele declarou que devíamos dar o troco aos agressores.  Eu falei que não, afinal os dois guris eram bem  mirrados; portanto, tratamos de seguir adiante mas ainda sob os gritos do bando de crianças mendigas:"caga hóstias!, caga hóstias!". Pensando que éramos protestantes, pois Mahony, de pele mais escura, usava um boné com o símbolo do clube de críquete.  Tratamos de logo fazer um cerco assim que alcançamos o caminho de pedras da Smothing Iron que margeava a Wharf.  Não ia dar certo!  Precisávamos estar em pelo menos três para tal propósito.  Descarregamos toda nossa frustração no Leo, lembrando do fudido que ele era e quantos ele conseguiria do Senhor Ryan às três horas.

Então nos aproximamos mais do rio.  Sei que ficamos por muito tempo flanando ao longo das ruas barulhentas cercadas por paredes de pedra, assistindo o trabalho dos guindastes e dos motores, vez por outra sendo expulsos pelos gritos dos motoristas dos carrinhos de transporte que passavam gemendo e rangendo.  Já era por volta de meio-dia quando alcançamos as docas e, todos os trabalhadores pareciam ter se atirado aos seus almoços.  Tínhamos trazido dois enormes pães de groselha, então, perto de um dos atracadouros metálico da margem, nos acomodamos para comer. Nos distraímos agradavelmente com o espetáculo proporcionado pelo movimento do comércio da cidade.  


 






13 - originalmente um forte, depois uma estalagem, e por fim, uma estação de força.



quarta-feira, 29 de abril de 2015

Toy Story - Short Portuguese Translation

                                               TOYSTORY (1995)

The first feature-length blockbuster from Pixar, the production company that would go on to make A Bug's Life (1998) and Monsters, Inc. (2001), Toy Story is a rip-roaring, computer-animated kids' adventure that is, quite frankly, far too intelligent, funny, and beautifully made to be just for a junior audience. [9] Six-year-old Andy doesn't know that his playthings come alive when he's not in the room. Led by Woody, a cowboy doll that's always been Andy's favorite, the toys gather to await Andy's birthday, where he may get a new toy that he likes more than all of them. And this year, Andy gets the most super-duper toy ever: Buzz Lightyear (Tim Allen), a space ranger complete with high-tech gadgets. [10] Woody realizes he has to get rid of Buzz to be Andy's favorite once again, and his machinations lead the pair into terrible danger in the world outside Andy's bedroom.
A witty script and wonderful, almost 3D animation, plus Hanks's and Allen's absolutely perfect characterizations, make this a hugely enjoyable comic treat that deservedly became an instant classic.


                                              SHORT TRANSLATION


                                                  TOY STORY (1995)


O primeiro longa-metragem campeão de bilheterias da Pixar, produtora que mais tarde realizaria Vida de Inseto (1998) e Monstros S.A. (2001), Toy Story é uma animada aventura infantil criada em computador, e falando francamente, muito inteligente, engraçada e bem produzida para ter apenas crianças em sua audiência.
Um garoto de seis anos, Andy, não sabe que seus brinquedos ganham vida quando ele não está por perto. Liderados pelo boneco-cowboy Woody, o favorito de Andy, todos se reúnem para esperar pelo aniversário do dono, ocasião em que ele ganha um novo boneco que talvez venha a ocupar o posto de preferido entre os demais.
Woody percebe que deve se livrar de Buzz para voltar a ser o mais querido do menino, daí as maquinações do cowboy acabam por colocar os rivais em terríveis perigos do lado de fora do quarto de Andy
                                                TERMINATOR (1984)
This potential grade-Z kitsch candidate for the Golden Turkey Award actually became one of the surprise hits of 1984, and its popularity over the last two decades has established it as a genre classic. [1] The Terminator is a triumph of style over plot, smartness over intelligence, and a combination of elements that outstrips its parts. Its circular narrative about the future trying to control the past in order to take control of itself - hence, changing the very premises of its own state - is a familiar one to all fans of postwar science-fiction literature (Harlan Ellison, Philip K. Dick, and others) and TV shows (such as Outer Limits and Star Trek). [2] Fresh from low-budget effects work for Roger Corman and John Carpenter, director-screenwriter James Cameron adapted the disarming humor of his mentors to deflect all possible objections to the film's many plot holes, head-on with a dumbfounded shrug or knowing wisecracks from the protagonists. The vision of a dark, dirty, and apocalyptic future was very much in vogue at the time, as witnessed by titles such as John Carpenter's Escape from New York, George Miller's Mad Max II / The Road Warrior (both 1981), Luc Besson's The Last Combat (1983), and Lars von Trier's The Element of Crime (1984). [3] Cameron's assured style - tech noir, as it was called after a nightclub in the film - and his kinetic energy combined with a sparse economy of narration in enfolding the many twists and turns, keep the viewer sufficiently distracted from the sheer absurdity of it all. [4] Even Arnold Schwarzenegger - the very epitome of bad acting with his bland facial expression, heavy Austrian accent, and body language from the school of Frankenstein's monster - becomes a major asset to the film. All his violent acts and his ten or so lines are delivered with a mechanical dullness and a mock-grim look that makes them charged with an irresistible, multilayered irony. [5] Virtually all his dialogue consists of short, unremarkable phrases. Yet, everybody who saw this sleeper phenomenon knows most of them by heart, down to Schwarzenegger's quirky pronunciation. [6] ''I’ll be back" is probably the most quoted among them - frequently used as a catchphrase in radio and TV shows.
If The Terminator's ability to engage the audience in such an interplay is reminiscent of The Rocky
Horror Picture Show's (1975) ritualistic cult following, then the nudging irony and frequent winks to the audience points forward to the Scream trilogy's (1999-2000) puns about generic clichés. The same goes for the sadistic but playful slapstick splatter-violence and the "final girl" twist at the end. Under the surface of this bric-a-brac of science-fiction elements actually lies an even less original slasher movie, complete with a (literally) mechanical killer and a tomboy (Linda Hamilton) discovering her resources to fight and overcome evil. [7] But, as I remarked above, The Terminator's unique combination strategy is greater than the sum of its parts. The response to the film, like that to all great genre movies, lies not in a presumed originality. Rather the opposite is true: It is in the way that the director fuses all these familiar elements and breathes new life into them that makes for such a memorable experience.

Need translations? English to Portugueses? click here https://tonyed35.wixsite.com/traduzindo

                                                          SHORT TRANSLATION


                                                            TERMINATOR (1984)


O Exterminador do Futuro é um triunfo do estilo sobre a trama, da esperteza sobre a inteligência e onde a combinação de seus múltiplos elementos supera a qualidade individual dos mesmos.
Revigorado pelo trabalho nos efeitos especiais de Roger Corman e John Carpenter, apesar do baixo orçamento; o diretor e roteirista James Cameron consegue repelir as possíveis críticas aos diversos furos encontrados na trama. Para isso lança mão do humor cativante de seus mentores, e segue em frente com um desdenhoso dar de ombros e as piadinhas tão batidas dos protagonistas.
O estilo tech-noir - como ficou conhecido por causa do filme - de Cameron, combina uma vigorosa energia de cena com uma narrativa repleta de reviravoltas surpreendentes que acabam por manter o espectador distraído dos absurdos de toda a estória.
Até mesmo Arnold Schwarzenegger - o exemplo perfeito de canastrão - com sua inexpressividade facial, pesado sotaque austríaco e linguagem corporal oriunda de uma escola para monstros tipo Frankenstein, se torna peça principal do filme, ainda que todos seus diálogos consistam em frases curtas e nada marcantes.
"I'LL BE BACK" é provavelmente a mais lembrada delas e um bordão frequentemente utilizado em shows de rádio e tv.
Mas como frisei acima, a genial estratégia de combinações de Exterminador do Futuro é maior do que a soma de suas diversas partes.
A popularidade do filme, como em todos os grandes filmes do gênero, não se deve a uma suposta originalidade.



domingo, 22 de fevereiro de 2015

FED: EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO ÀS MUDANÇAS NA POLÍTICA ECONÔMICA

12:11 MNI: FED WATCHERS SAY 'CONSIDERABLE TIME' LIKELY OUT, PATIENCE IN 
 
WASHINGTON, 16/12/2014 - Fed watchers are not expecting any holiday surprises at this week's FOMC meeting, as the committee adjusts to policymaking without monthly large scale asset purchases and with rate increases 
expected sometime in the middle of next year.
 
"I think the market has factored in the inevitability of Fed action around the middle of next year," IHS Global Insight Chief U.S. Economist Doug Handler told MNI. "Therefore any language change which is consistent with that type 
of scenario will ultimately go down just fine."
 
Still Fed watchers expect discussion to heat up around the impact of lower inflation expectations, progress in the labor market and, of course, whether to keep the phrase "considerable time" in the statement following the 
meeting.
 
"They got to remove it sometime - it's got to end," Handler said in an interview. "The focus has gotten crazy on this. And 30 days before (a rate hike) happens you can't still say 'considerable time.' Then you lose all credibility."
 
Handler acknowledged, though, "it's hard to use English phrasing to convey a statistical timing here that's imprecise."
 
For the most part, "the Fed is going to adopt language that will reaffirm this intention to act probably around the middle of next year," he said.
 
Fed watchers agree that with QE done and rate hikes still to come, the changing of this phrase may be the thing to watch this meeting.
 
Wells Fargo Chief Economist John Silvia told MNI, "I think they're going to emphasize the word patient."
 
He said he thinks the committee is likely to remove the phrase "considerable time," and "they're going to do what (New York Fed President William) Dudley is saying, which is 'We're going to be patient. We're data dependent 
and we're going to look at a lot of different pieces of data.'"
 
Dudley, in a Dec. 1 speech, said "there are three important reasons to be patient." First, the committee "is still undershooting both its employment and inflation objectives."
 
Second, when at the zero lower bound, "the risks of tightening a bit too early are likely to be considerably greater than the risks of tightening a bit too late," Dudley said. And third, "there could be a significant benefit to allowing 
the economy to run 'slightly hot' for a while."
 
San Francisco Fed President John Williams and Richmond Fed President Jeffrey Lacker, who will both vote on the committee next year, subsequently repeated the call for patience.
 
Fed watchers are keeping an eye out for specific words like "patient" or "cautious" as the new modifiers when the FOMC removes "considerable time" from the statement.
 
"You may in fact start to see language creep in that will involve adverbs like patiently, cautiously, and the like, to indicate that a move is not imminent but the current course and pace of the economy is still good enough to 
strongly consider a move around the middle of next year," Handler said.
 
Bank of America Merrill Lynch Senior U.S. Economist Michael Hanson expressed similar sentiment in a recent research note. "The Fed wants to guide markets toward the eventual liftoff of rates, not shock them," he said.
 
He added that the Fed is "is somewhat more likely than not" to update its forward guidance language, but added "whether the FOMC replaces 'considerable time' with language emphasizing patience or leaves the forward 
guidance unchanged, the goal will be to smooth the market's reaction."
 
Even with all attention on those two words, the Fed will be considering more than just language changes.
 
Dallas Fed President Richard Fisher said Dec. 3 he plans to reopen the discussion about whether to end reinvestments before raising interest rates, in order to take advantage of low interest rates while alleviating a collateral 
shortage and minimizing the complicated maneuvering that might be required later in the normalization process.
 
Fisher, who votes on the FOMC this year, acknowledged he had made this argument in the past, and lost, but now, "conditions are a little bit different and actually more favorable, but whether I can convince my colleagues of that 
or not, we'll see."
 
Handler said it would be "a great signal to the market that more activity is coming if the reinvestment are curtailed in any way before the target rates are increased," but stressed he is not certain if the Fed will make any changes.
 
"I don't know if the Fed is going to choose that option really or just continue with its direction here in the minutes," he said.
 
Silvia does not see the committee making such a move at this meeting. There is "an element of caution, and they want to be very, very careful here," he said. "I can't imagine them starting to cut back on reinvesting before they 
raise rates."
 
Wells Fargo expects the first Fed rate hike to occur in the middle of 2015, with the upper end of the fed funds rate range reaching 1% at the end of 2015 and 2.75% at the end of 2016.
 
The FOMC also will update to their Summary of Economic Projections at this meeting, but Fed watchers differ on just how much change is needed from the September summary.
 
Handler said the SEP is "largely on target," but added the committee could be looking at the increase in the labor force supply as conditions continue to improve.
 
Silvia, meanwhile, said "I've got to believe they are going to upgrade their economic numbers probably a touch or two for 2015 and 2016. They'll probably lower their inflation numbers a touch or two, but they're also stuck with a 
reality of a much lower unemployment rate."
 
That division between progress on their dual mandate will have to be addressed soon, Fed watchers said.
 
"I think by the middle of 2015 they are going to have an unemployment rate that is basically full employment, you know 5.5% or so by the middle of next year, and that's going to be difficult for them," Silvia said.
 
Handler added: "We don't quite know what the natural unemployment rate is or the full unemployment rate, but we know we are getting closer and closer to this."
 
As the labor markets get closer to maximum employment, price stability is still a ways off the Fed's stated 2% inflation target.
 
"They've got a challenge in front of them," Silvia said, "and I'm sure what the markets are looking for is how much do you weight each objective."
 
One way "they can play this is deemphasize overall inflation and focus on core," he said.
 
Handler said, "It's quite possible the Fed will be taking these first steps to tighten monetary policy with core inflation being significantly below 2%."
 
The Fed likely will also have to address a continuous drop in market-based inflation expectations measures. In the October meeting, the FOMC statement said, "Market-based measures of inflation compensation have declined 
somewhat; survey-based measures of longer-term inflation expectations have remained stable."
 
But since then, surveys such as the University of Michigan and Conference Board surveys have showed weakness. Meanwhile the New York Fed's Survey of Consumer Expectations held steady, so no one seemed sure how 
the committee would address this.
 
Another topic that may come up: adding a press conference with Chair Janet Yellen to every meeting.
 
"We see some chance that the Fed could move to having press conferences at every meeting," JP Morgan's Michael Feroli Said in a note.
 
"This would have the benefit of opening up the calendar and allowing the committee to more finely tune their policy in response to changing economic conditions," he said. "It seems logical that such a decision would be 
announced on FOMC day." (Market News International) 

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ESPECIALISTAS ALERTAM: FED deverá trocar termo "tempo considerável" por "paciência".


WASHINGTON, 16/12/2014 - Profissionais de mercado especializados em FED, não esperam por surpresas oriundas da reunião do FOMC nesta semana, visto que ajustes na política econômica não contemplaram compra de ativos em larga escala e  com a expectativa de aumento das taxas para algum momento do próximo ano.


"Eu penso que o mercado já trabalha levando em conta a ação do FED por volta do meio do próximo ano," disse ao MNI o Economista Chefe da IHS Global Insight, Doug Handler. "Portanto qualquer mudança de linguagem que seja consistente com esse cenário será bem vinda." 

Também são esperadas discussões mais acaloradas em torno do impacto das expectativas de uma inflação baixa, da evolução do mercado de trabalho e sobre a permanência do termo "tempo considerável" no relatório a ser divulgado após a reunião.

"Eles devem, em algum momento, retirar de vez tal termo", declarou Handler em entrevista,"tem havido demasiado foco nisso. E 30 dias antes de acontecer (um aumento de taxa), você não pode continuar declarando "tempo considerável" ou então perde toda a credibilidade."

Handler entretanto, reconhece: "é difícil encontrar palavras para expressar uma temporização estatística imprecisa."

"Para a maioria,  o FED vai adotar uma terminologia que reafirmará sua intenção de agir por volta do meio do próximo ano," ele disse. 

Os especialista concordam que com o QE realizado e a subida das taxas ainda por vir, a mudança do termo deve ser algo a se observar nesta reunião.

O Economista Chefe da Wells Fargo, John Silvia, declarou ao MNI, "Eu penso que eles darão ênfase a palavra paciência."

Ele acredita que o comitê deverá retirar a expressão "tempo considerável", e fazer conforme disse o presidente do FED de Nova Yorque, William Dudley: "Nós somos pacientes, dependentes dos dados e analisamos muitos e diferentes tipos de dados".

Dudley, em discurso de 1º de dezembro,disse que existem três razões para ser paciente. A primeira, o comitê ainda não atingiu seus objetivos com relação ao níveis de emprego e inflação. A segunda, quando no nível mais baixo de taxas de juros (zero lower bound), os riscos ocasionados por um aperto maior feito de forma precipitada, podem ser consideravelmente maiores do que um aperto tardio, e em terceiro lugar, ainda de acordo com Dudley, pode haver um benefício significativo em deixar a economia ligeiramente aquecida por algum tempo.

Os Presidentes dos FEDs de São Francisco e Richmond, John Williams e Jeffrey Lacker, respectivamente, que terão direito a voto no ano que vem, têm reiterado o apelo por uma postura de paciência.

Quando o FED remover do relatório o termo "tempo considerável", os analistas estarão atentos a palavras tais como "paciente" e "prudente" como possíveis novos modificadores. 

"Você poderá, de fato, começar a ver alterações de linguagem que envolverão advérbios como pacientemente, cautelosamente e outros semelhantes, indicando que a mudança não é iminente, mas que o curso e ritmo atual da economia é bom o suficiente para considerarmos que será por volta do meio do próximo ano," disse Handler. 

Michael Hanson, Economista Sênior do Bank of America Merrill Lynch, expressou opinião semelhante em uma recente nota.  "O FED quer direcionar o mercado para um eventual aumento das taxas, sem sustos."

Ele acrescentou que o FED parece estar propenso a atualizar seu discurso desde que o FOMC substitua o termo "tempo considerável"por outros que dêem ênfase a paciência, tendo por meta suavizar a reação do mercado. 

Mesmo com toda a atenção voltada para essas duas palavras, o FED vai considerar mais do que apenas a mudança de linguagem.  

Richard Fisher, Presidente do FED em Dallas, disse que planeja reabrir a discusão sobre  a possibilidade de acabar com os reinvestimentos antes da elevação das taxas de juros, a fim  de tirar proveito desse patamar de taxas e ao mesmo tempo aliviar a escassez de garantias e minimizar a complicada manobra que mais tarde poderá ser necessária no processo de normalização.

Fisher, que tem direito a voto no FOMC este ano,reconhece que no passado não teve sucesso com esse mesmo argumento, e agora, mesmo em condições mais favoráveis, não sabe se conseguirá convencer seus colegas.

Handler disse que se os investimentos forem reduzidos antes do aumento das taxas de juros, seria um forte indicativo de aumento das atividades, mas ressaltou que não é certo o FED promover qualquer mudança.

"Eu não sei se o FED escolherá essa opção ou simplesmente continuará na direção atual".

Silvia não acredita que haja mudança neste encontro do comitê. "Ainda existe certa cautela, e eles querem ser muito prudentes. Eu não creio em corte no reinvestimento antes da elevação das taxas", declarou. 

A Wells Fargo espera que o primeiro aumento de taxa ocorra em meados de 2015, alcançando 1% ao final de 2015 e 2,75% no final de 2016.

O FOMC, neste encontro, vai atualizar o seu sumário de projeções econômicas, porém os analistas divergem sobre o grau de mudança no sumário de setembro.

Handler disse que o foco está em setembro, mas que o comitê poderia estar monitorando o mercado de trabalho como condição para continuar as mudanças.

Silvia, entretanto, disse "Eu quero acreditar que eles atualizarão seus números sobre a economia. Provavelmente baixando um pouco os números relativos à inflação, porém enfrentando uma realidade onde a taxa de desemprego está bem mais baixa."

Esta mudança de curso em seu segundo mandato, terá de ser abordada em breve, dizem os especialistas.

"Eu penso que em meados de 2015, eles encontrarão uma taxa de desemprego muito baixa, por volta de 5,5%, que significará basicamente o pleno emprego e terão que lidar com esta dificuldade", disse Silvia.

Handler acrescentou: "Nós não estamos certos sobre o que seria uma taxa de desemprego aceitável ou a taxa de emprego pleno, mas sabemos que estamos perto de atingi-lá".

Enquanto o mercado de trabalho se aproxima do pleno emprego, a estabilidade dos preços ainda está fora da meta de inflação de 2% estabelecida pelo FED. 

"Eles têm um desafio pela frente," Silvia disse, "e estou certo de que o mercado tenta descobrir qual o peso de cada um dos objetivos."

"Uma maneira deles fazerem isto é diminuir o peso da inflação como um todo e focar no núcleo", ele disse.

Segundo Handler, "É bem possível que o FED dê esses primeiros passos para apertar a política monetária com o núcleo da inflação bem abaixo de 2%". 

O FED provavelmente terá que lidar com a contínua expectativa de queda da inflação apurada pelo mercado. No encontro de outubro, o FOMC afirmou que índices da inflação de compensação apurados pelo mercado, indicam pequena queda; pesquisas das expectativas de inflação de longo prazo mantiveram-se estáveis. 

Mas desde então,pesquisas como a da Universidade de Michigan e do Conference Board (N.T.: Associação independente em pesquisas de negócios) indicam fraqueza. Enquanto que na pesquisa do FED de Nova York a expectativa do consumidor manteve-se estável, de modo que ninguém sabe ao certo como o comitê vai lidar com a questão.

Outro tópico que poderá surgir: Inclusão de conferência de imprensa com a Presidente Janet Yellen a cada encontro.

"Nós acreditamos que o FED poderá marcar uma conferência de imprensa a cada encontro", disse em nota, Michael Feroli do JP MORGAN.

"Isto teria a vantagem de abrir o calendário e permitir ao comitê afinar sua política de acordo com as mudanças das condições econômicas," ele disse.  "Seria lógico tal decisão ser anunciada pelo FOMC."(Market News International)