Ferdinand de Saussure: a unidade linguística – Explicando Signo, Significado e Significante
Devido às suas teorias sobre a estrutura da linguagem, o suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) é considerado o fundador da linguística moderna.
Para compreender as teorias linguísticas de Saussure, é necessário compreender suas explicações sobre os fundamentos da terminologia psicolinguística e da natureza das unidades de linguagem.
Entender os conceitos básicos dessa teoria linguística não é apenas essencial aos estudantes da área, mas também para todos que estudem semiótica, ou o uso de vários tipos de signos usados na comunicação. A semiótica também é um elemento básico nos estudos da teoria do cinema.
No Curso de Linguística Geral de Saussure, obra que resume suas palestras na Universidade de Genebra entre 1906 e 1911, ele explica a relação entre a fala e a evolução da linguagem, analisando essa última como um sistema estruturado de signos.
É importante notar que Saussure percebe a unidade linguística como uma 'entidade dupla'. Ou seja, a considera como composta por dois elementos. O linguista suíço entende a unidade linguística como uma combinação de:
Porém, do ponto de vista de Saussure, os conceitos de significante (imagem sonora) e significado (conceito), por exemplo, não são duas entidades diferentes; são duas maneiras diferentes de olhar e descrever a linguagem. Significante e significado são inseparavelmente um. Com essa teoria, ele rejeita a tradição ocidental que trata a linguagem como uma entidade ou um instrumento. Para ele, a linguagem é ação criativa, não uma coisa.
O primeiro ponto a entender é que ao mencionar 'unidades linguísticas', 'imagens sonoras' e 'conceitos', Saussure se refere aos processos mentais que criam essas entidades. Não estava se referindo a palavras faladas ou escritas, mas às impressões mentais feitas em nossos sentidos por uma certa 'coisa'. É nossa percepção, ou como vemos essa 'coisa', junto com o sistema de som de nossa linguagem, que cria a unidade linguística mental de duas partes que ele chamou de 'signo'.
Vejamos, por exemplo, o conceito de 'Google'. O significante ('Google') e o significado (“um motor de busca na internet”) são inseparavelmente um. Não podemos ter um sem o outro. A imagem sonora, ou impressão em nossas mentes, é do logotipo que representa o Google e, por meio de nosso sistema de linguagem, sabemos como essa imagem soa mentalmente. Sabemos que o conceito ou significado associado a essa 'impressão sonora' é que o 'Google' é um grande mecanismo de busca na Internet. As conexões entre os dois elementos são feitas mentalmente sem pronunciar ou escrever a palavra 'Google', e as duas 'partes' formadas são unidas e, desse forma, juntas, são uma unidade linguística mental. Saussure chama essa unidade linguística dual de 'signo'.
A parte que Saussure chama de 'imagem sonora' (o 'sinal linguístico' mental dado à 'coisa') ele denominou de 'significante' - este é o som que o logotipo do Google cria em nossas mentes. O significante conecta 'Google' ao mundo físico (de sons).
A parte do signo que Saussure chama de 'conceito' ou 'impressão mental' (associação da 'coisa') ele nomeou de 'significado'. O significado conecta “mecanismo de busca” ao mundo mental. A ideia do que é o significante 'Google' torna-se significada.
Quando alguém diz “Google”, não é um evento puramente físico, nem um evento puramente mental - é outra coisa que chamamos de linguagem, ou mundo semiótico.
Segundo Saussure, a conexão entre todos os 'significantes' que são 'imagens sonoras' ou 'signos linguísticos' e o que eles estão significando - seu objeto ou conceito significado - é arbitrária. Em outras palavras, não há, necessariamente, qualquer conexão lógica entre os dois. Novamente, a palavra 'Google' exemplifica bem isso.
Não há nada na palavra 'Google' que sugira se tratar de um meio digital de busca de informações na Internet. É uma palavra aleatoriamente inventada. Com a chegada da Internet, nos últimos anos do Yahoo! um nome ou 'imagem sonora' / 'sinal linguístico' teve que ser criado para descrever um novo mecanismo de busca. No entanto, agora, quando vemos a 'unidade linguística' 'Google' (o 'sinal'), você a conecta automaticamente à sua imagem sonora, o significante 'Google' - um 'sinal linguístico' que significa um 'grande motor de pesquisa na Internet.' O significante ('Google') e o significado (“um motor de busca na internet”) são inseparavelmente um. Não podemos ter um sem o outro. E se tivéssemos um sem o outro, não seria mais a linguagem.
Fontes:
Ferdinand de Saussure. Course in General Linguistics. 1959. The Philosophical Library, New York City.
Adaptado de um artigo publicado pela primeira vez na Decoded Science: Data de publicação: 27 de novembro de 2012. Editado com base nos comentários de William Carrasco.
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