quarta-feira, 29 de julho de 2020

Quanto tempo um falante do inglês moderno poderia voltar no tempo e ainda conseguir se comunicar?



Quanto tempo um falante do inglês moderno poderia voltar no tempo e ainda conseguir se comunicar?

A transição do inglês antigo para o inglês moderno foi um processo, não um evento

Embora gírias apareçam e desapareçam de forma relativamente rápida e novas palavras sejam inventadas enquanto outras caem em desuso, mudanças na linguagem não ocorrem da noite para o dia. As regras gramaticais que você aprendeu na escola são as mesmas que foram ensinadas aos seus pais e, via de regra, aquelas que seus filhos usarão. Algumas novas palavras são lançadas na mistura a cada poucos anos para manter as coisas interessantes (lembra-se do tumulto quando "ain't" foi acrescida ao dicionário?).

A transição do inglês antigo para o inglês médio e depois para o inglês moderno foi um processo e não um evento. As regras não mudaram repentinamente em 24 de maio de 1503.

Antes dos normandos invadirem a Inglaterra, em 1066, as pessoas que moravam na Grã-Bretanha falavam inglês antigo ou anglo-saxão. Algumas das palavras daquela época ainda estão em uso - em especial, uma das mais vulgares e com quatro letras. O inglês antigo era tão diferente do inglês moderno que não seria exagero ser classificado como uma língua estrangeira. Por exemplo, aqui estão as linhas de abertura do poema Beowulf:

Hwæt! Wé Gárdena emgéardagumþéodcyninga
þrym gefrúnonhúðá
æþelingas ellen fremedon.

Estou completamente perdido. Algo sobre um jardim, talvez?

Tradução no inglês moderno:

Ouça! Nós - os lanceiros dinamarqueses dos dias de outrora,
daqueles reis dos clãs - ouvimos falar de sua glória,
de como aqueles nobres realizavam atos corajosos.

Sequer cheguei perto.

Vamos dar um salto à época de Chaucer, na virada do século 14, quando o inglês médio estava em uso (por volta de 1100 a 1450). The Canterbury Tales começa com:

Whan that Aprill, with his shoures
sooteThe droghte of March hath perced to the roote And
bathed every veyne in swich licour,
Of which vertu engendred is the flour


Não chega a ser um passeio no parque, mas não é completamente indecifrável como o inglês antigo anglo-saxão.

Quando as chuvas suaves de abril atravessam a seca
de março, chegam à raiz e banham cada broto,
através de cada veia, com líquido de tal poder; a flor é produzida.

Os problemas reais surgiriam com a fala - todas as letras que hoje são mudas eram pronunciadas naquela época; o que, na melhor das hipóteses, tornaria a comunicação eficaz um desafio. Uma simples conversa até seria possível - com a ajuda de alguns gestos aqui e ali - mas qualquer tipo de discurso do tipo intelectual estaria fora de questão.

O que diferencia o inglês médio do inglês moderno é a Grande Mudança Vogal, que provocou uma considerável alteração na pronúncia das vogais longas entre a era de Chaucer e a de Shakespeare. Por exemplo, a palavra “sheep”, nos anos 1300, teria sua pronúncia mais semelhante a “shape”. Podemos pensar que é um tanto estranho, mas leia esta frase em voz alta - “I sat and read what he had to read,” ou “A rough-coated, dough-faced ploughman strode through the streets of Scarborough, coughing and hiccoughing thoughtfully,” - antes de julgar nossos ancestrais medievais por suas práticas de pronúncia sem sentido.

Ler inglês médio seria muito mais fácil do que conversar com um camponês medieval, ou mesmo um duque. Uma única palavra poderia ter várias pronúncias e significados diferentes e que variavam de vila para vila. Quando o povo comum se tornou mais instruído e alfabetizado, as definições das palavras ganharam mais uniformidade de um lugar para o outro, mas as pronúncias ou sotaques ainda variavam bastante.

Foi por volta de 1500 que chegamos às nossas pronúncias atuais da maioria das palavras; época aceita como origem do inglês moderno. William Caxton, o primeiro impressor inglês, escreveu o seguinte no final dos anos 1400, e não é tão difícil de entender:

For we Englysshe men ben borne under the domynacyon of the mone, whiche is never stedfaste but ever waverynge, wexynge one season and waneth and dyscreaseth another season.

And that comyn Englysshe that is spoken in one shyre varyeth from a-nother…

Traduz para:

Pois nós, ingleses, nascemos sob o domínio da lua, que nunca é firme, mas oscila, crescendo em uma estação e diminuindo e sumindo em outra. 

E esse inglês comum que é falado em um condado sofre variações em outros…


Certamente, quando comparado ao inglês antigo, não está tão distante de onde estamos hoje.

Comunicar-se com Shakespeare seria relativamente fácil, mesmo com momentos ocasionais para coçar a cabeça, mas, na maioria das vezes, ambas as partes seriam capazes de entender bem o essencial.

Depois de Shakespeare, você provavelmente não teria problemas.

Poderíamos entender Shakespeare, mas conseguiríamos entender o seu açougueiro ou ferreiro? E quanto da nossa compreensão resulta do fato da sua obra ter feito parte dos estudos da maioria de nós?

Depois de Shakespeare, você provavelmente não teria problemas. O Bardo fez muito para moldar o idioma inglês e a forma como as pessoas se expressam. Também inventou muitas palavras e figuras de linguagem em uso comum atualmente.

Então, provavelmente poderíamos voltar a cerca de 1500 e nos comunicar com falantes contemporâneos do inglês - e eles conosco. Obviamente, o nível de sucesso dependeria de vários fatores, incluindo o nível de educação de ambas as partes, os dialetos (alguns são mais fáceis de compreender do que outros) e o assunto (mantenha o assunto familiar a todos os envolvidos, nenhum "PC vs. Macs" ou outros tópicos que possam confundir um inglês da era Tudor).

Então, obviamente, quanto mais próximo você estiver do nosso tempo, mais fácil será o entendimento mútuo. Uma conversa com Ben Franklin fluiria melhor do que com Sir Thomas More, e vamos ser sinceros - seria infinitamente mais divertida. A menos, é claro, que você goste de camisas punitivas, autoflagelação. Quem sou eu para julgar?

Kathy Copeland Paddenhttps: /
Source: humanparts.medium.com/how-far-back-in-time-could-a-modern-english-speaker-go-and-still-communicate-44a0366724c6

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