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Relação dos problemas que os linguistas ainda não resolveram
Traduzido por Eduardo Rodrigues
A
Linguística,
como área de estudo, floresceu muito além do que seus fundadores
imaginaram, provocando uma
revolução
cognitiva que
começou nos anos 50 e se estende até hoje. Foi a linguística que
nos proporcionou um aprendizado nunca antes experimentado sobre as
línguas humanas, desde suas origens, por que existem tantas e como
usar a linguagem para solucionar crimes. Além disso, a linguística
nos forneceu informações bastante convincentes sobre a natureza da
mente humana, como construir máquinas falantes, como treinar pessoas
com dislexia para que possam ler, como reparar funções cerebrais
que pertencem à linguagem etc. É uma façanha impressionante.
Há
apenas um grande problema: os principais mistérios da linguagem que a
linguística se propõe a desvendar continuam tão insondáveis
quanto antes. Muitos problemas fundamentais da linguística
ainda não foram resolvidos. Você ficaria surpreso ao saber quão
pouco sabemos sobre questões importantes no estudo da linguagem. É
disso que trata o presente artigo. Então, vamos a esses problemas
ainda não resolvidos:
A aptidão da linguagem:
Nossa
capacidade de aprender idiomas é de longe a propriedade que mais
define a condição humana. Mas sabemos muito pouco sobre essa
capacidade; não sabemos exatamente o que distingue a linguagem
humana de outros sistemas de comunicação encontrados nas demais
espécies. Parentes mais próximos dos humanos, como gorilas e
chimpanzés, demonstraram uma notável capacidade de aprender e usar
a linguagem de sinais. Em um experimento meticulosamente projetado,
Koko, o gorila, foi capaz de aprender, ao longo dos anos, centenas de
sinais e também a combinar muitos deles em frases. Um livro que
detalha todas as etapas desse experimento pode ser encontrado aqui.
De
forma semelhante, o canto dos pássaros e sua capacidade em adquirir
e usar determinadas chamadas foram demonstrados para comprovar
propriedades sintáticas notáveis. Um artigo científico fascinante
que expõe essa capacidade pode ser encontrado aqui.
Papagaios mostram uma habilidade notável de pronunciar uma grande
variedade de sons humanos. As abelhas e suas danças também são
algo interessante do ponto de vista linguístico. Se o reino animal é
abundante em sistemas de comunicação comparáveis, de alguma forma,
aos humanos, então, a diferença entre a nossa habilidade da fala e
a de outras espécies é apenas qualitativa. A questão com a qual os
linguistas se debatem é: O
que distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação de
outros animais?
A
outra é: Quão
especial é a linguagem? Existem
aspectos da linguagem que são completamente únicos e distintos do
restante do nosso sistema cognitivo, ou a linguagem é, em última
instância, uma combinação especial das muitas funcionalidades de
domínio geral que os seres humanos já possuem? Nós realmente não
sabemos.
Aprendizagem de idiomas:
O
modo como os adultos aprendem o idioma
é bem difícil! Obviamente, a questão de como os bebês aprendem a
língua é fundamental, mas como os adultos aprendem uma segunda ou
terceira língua também é um quebra-cabeça intrigante. Eles usam,
em menor escala, os mesmos mecanismos que os bebês ou aprendem um
novo idioma de maneira diferente? Quais são alguns dos
prenunciadores do sucesso na aprendizagem de idiomas por adultos?
O
que é fluência? Fluência
é um conceito fundamental em linguística, subjacente a muitas
suposições, mas não acredito que exista uma definição
operacional clara. Falamos coisas como “todo
bebê podem se tornar fluente em qualquer idioma”
ou, “crianças
são fluentes em sua língua nativa aos 5 anos”
e assim por diante, sem uma definição precisa do que significa
fluência.
Modelando e medindo a linguagem:
Qual
é o modelo ideal para reconstruir linguagens filogeneticamente?
Ainda
há muito debate sobre como as relações de linguagem (muitas vezes
estruturadas como árvores) deveriam ser melhor construídas,
uma vez que existem coisas na linguagem que de fato não existem na
biologia evolutiva (a fonte das árvores linguísticas), como contato
com a linguagem, empréstimos e assim por diante. Associar o tempo às
árvores também é um grande quebra-cabeça controverso, tal como a
idade da Indo-europeia.
Como
podemos medir a
complexidade
do idioma?
Novamente,
um conceito-chave em linguística, mas sem uma definição
operacional clara, impedindo-nos de responder se algumas línguas são
mais complexas que outras. Tentativas de fazê-lo (por exemplo, J
Nichols)
são um grande passo adiante, mas claramente muito aquém de uma
definição abrangente.
Idioma em contexto:
Quais
são as interações entre linguagem, cultura e pensamento? Esta
é uma das difíceis. Isso está parcialmente enquadrado pela
hipótese Sapir-Worph,
mas creio que a questão é muito maior. Como a linguagem
influencia a cultura? A cultura pode influenciar o pensamento? Como
os três interagem?
Linguagem e cérebro:
Essa
é provavelmente a área de maior sombreamento na linguística. O “o
que acontece no cérebro durante o exercício da linguagem?”
é bem amplo, e pode ser dividido em perguntas mais detalhadas, como:
Como
a linguagem é lateralizada no cérebro? Como
os hemisférios esquerdo e direito interagem durante a produção e
compreensão da linguagem? Existe redundância maciça para que as
pessoas possam remanejar essas funções e se recuperarem de um
acidente vascular cerebral?
Como
reconhecemos as palavras? Como
passamos de um sinal acústico para uma palavra, em particular quando
se considera o quão empobrecido o sinal acústico possa ser? Quais são as
respectivas funções dos fluxos de processamento dorsal e ventral no
cérebro?
Qual
é a função da Área
de Broca?
A
área de Broca é realmente específica para sintaxe e, mais
especificamente, movimento sintático, ou a área de Broca tem uma
função cognitiva mais geral?
Quão
modulares são as respectivas partes do cérebro que foram associadas
a diferentes funções? Pesquisas
anteriores sugeriram que certas partes do cérebro estão associadas
a funções como a fala, reconhecimento de palavras, efeitos de cima
para baixo no processamento da fala, sintaxe, fonologia,
processamento de afetos emocionais na linguagem e assim por diante.
Como essas diferentes regiões interagem e como são modulares em
termos de realização de suas “tarefas”?
Essas
parecem ser perguntas muito simples, mas suas respostas são muito
difíceis e desafiam a ciência e tecnologia modernas. Talvez, ao ler
isso, você aceite o desafio e inicie uma pesquisa e consiga
responder algumas dessas perguntas, nunca se sabe! O futuro da
linguística é alimentado por pessoas apaixonadas como você e eu.
Com as ferramentas certas, podemos fazer maravilhas. Portanto, não
deixe a paixão pela linguagem
se extinguir dentro de você. Leve a tocha com punho de ferro e
passe-a para outros com os mesmos punhos de ferro.
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Source:
http://thelanguagenerds.com/problems-still-unsolved-in-linguistics/?fbclid=IwAR0YlYIbqL6hfXUSo25igCklBs2uN3LstL5gVU1Bs9mhgPA12L6hd9iIqsM
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