O idioma inglês está mudando?
Por: Betty Birner
translated from:
Sim,
assim como todas as demais linguagens humanas! A linguagem está
sempre mudando, evoluindo e se adaptando às necessidades de seus
usuários. Isso não é uma coisa ruim; se o inglês não tivesse
mudado desde, digamos, 1950, não teríamos palavras para nos
referirmos a modems, aparelhos de fax ou TV a cabo. Enquanto as
necessidades dos usuários continuarem mudando, as alterações na
linguagem continuarão acontecendo. A mudança é tão lenta que, de
ano para ano, dificilmente notamos isso, exceto para resmungar de vez
em quando sobre o "inglês pobre" sendo usado pela geração
mais jovem! No entanto, ler os escritos de Shakespeare do século XVI
pode ser difícil. Se você voltar mais alguns séculos, passear
pelos Contos de Canterbury, de Chaucer, será ainda pior, e com um
retorno de outros 500 anos para tentar ler Beowulf, seria como ler
num idioma diferente.
Por que a linguagem muda?
As mudança ocorrem por vários motivos. Primeiro, muda porque as necessidades de seus falantes mudam. Novas tecnologias, novos produtos e novas experiências exigem novas palavras para serem referidas de maneira clara e eficiente. Considere o envio de mensagens: originalmente era chamado de mensagem de texto, porque permitia que uma pessoa enviasse à outra texto em vez de mensagens de voz por telefone. À medida que isso se tornou mais comum, as pessoas começaram a usar o termo mais curto "mensagem" para se referir à mensagem e ao processo, ou seja, acabei de receber uma mensagem ou vou enviar uma mensagem à Sylvia agora mesmo.
Outra
razão para a mudança é que duas pessoas não possuem exatamente a
mesma experiência em um idioma. Todos nós conhecemos um conjunto de
palavras e construções ligeiramente diferentes, dependendo da nossa
idade, emprego, nível de educação, região do país e assim por
diante. Pegamos novas palavras e frases das diferentes pessoas com às
quais falamos, e elas se combinam para criar algo novo e diferente do
modo particular de falar de qualquer outra pessoa. Ao mesmo tempo,
vários grupos da sociedade usam a linguagem como forma de marcar sua
identidade grupal; mostrando quem é e quem não é membro.
Muitas
das mudanças que ocorrem na linguagem começam com adolescentes e
jovens adultos. À medida que os jovens interagem com outras pessoas
da mesma idade, seus vocabulários crescem para incluir palavras,
frases e construções diferentes daquelas que marcaram a geração
anterior. Algumas têm um tempo de vida curto (você tem escutado
"groovy"ultimamente?), porém outras permanecem para afetar
a linguagem como um todo.
Recebemos
novas palavras de diversas fontes. Pegamos emprestado de outras
línguas (sushi, chutzpah), criamos encurtando palavras mais longas
(gym de gymnasium) ou combinando palavras (brunch, do breakfast e
lunch), e as fazemos com nomes próprios (Levis, Fahrenheit). Às
vezes até criamos uma nova palavra ao errarmos sobre a análise de
uma palavra existente, como a palavra "pea" (ervilha) foi
criada. Quatrocentos anos atrás, a palavra "pease" era
usada para se referir a tanto a uma única ervilha ou a um grupo
delas, mas com o tempo, as pessoas assumiram que
"pease" era uma forma plural, para a qual "pea"
deveria ser o singular. Portanto, uma nova palavra nasceu: pea A
mesma coisa aconteceria se as pessoas começassem a pensar na palavra
"cheese" como se referindo a mais de um "chee".
A
ordem das palavras também muda, embora esse processo seja muito mais
lento. A antiga ordem das palavras inglesas era muito mais "livre"
do que a do inglês moderno, e mesmo comparando o inglês dos
primórdios da modernidade encontrado na Bíblia do rei James com o
inglês de hoje, existem diferenças na ordem das palavras. Por
exemplo, a Bíblia do rei James traduz Mateus 6:28 como "Consider
the lilies of the field, how they grow; they toil not." Em uma
tradução mais recente, a última frase é traduzida como "they
do not toil,”, porque o inglês não aloca mais o "not"
após o verbo em uma sentença.
Os
sons de uma língua também mudam com o tempo. Cerca de 500 anos
atrás, o inglês começou a sofrer uma grande mudança na forma como
suas vogais eram pronunciadas. Antes disso, 'geese' teria rimado com
a pronúncia do 'face' de hoje, enquanto 'mice' rimaria com a 'peace'
de hoje. No entanto, uma 'Grande Mudança Vogal' começou a ocorrer,
na qual o som do 'ay' (em 'pay') mudou para ee (como em 'fee') em
todas as palavras que o continham, enquanto o som do 'ee' mudou para
i (como em 'pie'). No geral, sete diferentes sons de vogais foram
afetados. Se você já se perguntou por que a maioria dos outros
idiomas europeus soletram o som de um 'ay' como um 'e' (como em
'fiancé'), e o som 'ee' com um 'i' (igual em 'aria'), é porque
esses idiomas não passaram pela 'Grande Mudança Vogal', ocorrida só
com o inglês.
O
inglês não era mais elegante nos dias de Shakespeare?
As
pessoas tendem a pensar que as formas mais antigas de linguagem são
mais elegantes, lógicas ou "corretas" do que as formas
modernas, mas isso não é verdade. O fato de que a linguagem está
sempre mudando não significa que ela esteja piorando; está apenas
se tornando diferente.
Em
inglês antigo, uma pequena criatura alada com penas era conhecida
como 'brid'. Com o tempo, a pronúncia mudou para 'bird' (pássaro).
Embora não seja difícil imaginar crianças em 1400 sendo
repreendidas por trocarem 'brid' por 'bird', é claro que a pronúncia
atual venceu. Ninguém hoje sugeriria que 'bird' é uma palavra
incorreta ou uma pronúncia malfeita.
Os
padrões estranhos da fala dos jovens tendem a irritar os ouvidos dos
adultos. Além disso, novas palavras e frases são usadas primeiro na
linguagem falada informal mais cedo do que na linguagem formal,
escrita, por isso é verdade que as frases que você ouvir um
adolescente usar, ainda não são apropriadas para correspondências
oficiais. Mas isso não significa que eles sejam piores - apenas mais
novas. Durante anos, professores de inglês e editores de jornais
argumentaram que a palavra 'hopefully' não deveria ser usada para
significar 'I hope (eu espero), como empregada em 'hopefully it won't rain today', embora as pessoas frequentemente a usassem dessa maneira em
conversas informais. (Mas também ninguém reclamou de outros
advérbios, como 'frankly' (francamente) e 'actually' (na verdade)).
A batalha contra 'hopefully' está agora quase perdida, e aparece no
começo das sentenças, mesmo em documentos formais.
Se
você ouvir atentamente, poderá perceber a mudança de idioma em
andamento. Por exemplo, 'anymore' é uma palavra que costumava
ocorrer apenas em sentenças negativas, como 'I don't eat pizza
anymore' (eu não como pizza mais). Agora, em muitas regiões do
país, está sendo usada em frases positivas, como 'I've been eating
a lot of pizza anymore'. Neste uso, 'anymore' significa algo como
'lately' (ultimamente). Se isso soa estranho agora, continue ouvindo;
você poderá escutar isso em sua vizinhança em pouco tempo.
Por
que as pessoas não podem simplesmente usar o inglês correto?
O
"inglês correto", geralmente significa inglês padrão. A
maioria das linguagens possuem um padrão; é a forma da linguagem
usada no governo, na educação e em outros contextos formais. Mas o
inglês padrão é na verdade apenas um dos dialetos do inglês.
O
que é importante perceber é que não existe um dialeto "desleixado"
ou "preguiçoso". Cada dialeto de cada idioma tem regras -
não regras de 'sala de aula', como 'não dividam seus infinitivos',
mas sim os tipos de regras que nos dizem que 'the cat slept' é uma
frase de inglês, mas 'slept cat' não é. Essas regras nos dizem
como é a linguagem e não como ela deveria ser.
Dialetos
diferentes têm regras diferentes. Por exemplo:
(l)
I didn't eat any dinner.
(2)
I didn't eat no dinner.
A
frase (l) segue as regras do Inglês padrão; a sentença (2) segue
um conjunto de regras presentes em vários outros dialetos. Nenhum
dos dois é mais desleixado do que o outro, apenas diferem na regra
para fazer uma sentença negativa. Em (l), 'dinner' é marcado como
negativo com 'any'; em (2), é marcado como negativo com 'no'. As
regras são diferentes, mas nenhuma é mais lógica ou elegante que a
outra. De fato, o inglês antigo usava habitualmente 'duplos
negativos', semelhante ao que vemos em (2). Muitas linguagens
modernas, incluindo italiano e espanhol, permitem ou exigem mais de
uma palavra negativa em uma frase. Frases como (2) somente soam
"ruins" se você não cresceu falando um dialeto que faça
uso delas.
Você
pode ter sido ensinado a evitar "infinitivos divididos",
como em (3):
(3)
I was asked to thoroughly water the garden.
Diz-se
que isto é "não-gramatical" porque quebra o infinitivo
'to water'. Por que quebrar os infinitivos é tão ruim? Eis o
motivo: os gramáticos do século XVII acreditavam que o latim era a
língua ideal, por isso pensaram que o inglês deveria ser o mais
parecido possível com o latim. Em latim, um infinitivo como 'to
water' é uma única palavra; é impossível dividir. Então, hoje,
300 anos depois, ainda estamos aprendendo que frases como a (3) estão
erradas, tudo porque alguém nos anos 1600 achava que o inglês
deveria ser mais parecido com o latim.
Aqui
está um último exemplo. Nas últimas décadas, surgiram três novas
formas de relatar o discurso:
(4)
So Karen goes, "Wow - I wish I'd been there!"
(5)
So Karen is like, "Wow-I wish I'd been there!"
(6)
So Karen is all, "Wow-I wish I'd been there!"
Em
(4), 'goes' significa praticamente a mesma coisa que 'as said'
(disse); é usado para relatar as palavras exatas de Karen. Em (5),
significa que o orador está nos dizendo mais ou menos o que Karen
disse. Se Karen tivesse usado palavras diferentes para a mesma ideia
básica, (5) seria apropriado, mas (4) não seria. Finalmente, o
'all' em (6) é uma construção relativamente nova. Na maioria das
áreas onde é usado, significa algo parecido, mas com emoção
extra. Se Karen estivesse simplesmente relatando o tempo, não
haveria problema em dizer: "She's like, são cinco horas".
Por outro lado, seria estranho dizer: "She's is all, são cinco
horas", a menos que houvesse algo empolgante em ser cinco horas.
É
uma maneira preguiçosa de falar? De modo nenhum; a geração mais
jovem criou três maneiras distintas, onde anteriormente só existia
a palavra "said". A linguagem nunca vai parar de mudar;
continuará a responder às necessidades das pessoas que a usam.
Então, da próxima vez que uma nova frase irritar seus ouvidos,
lembre-se de que, como tudo o mais na natureza, o idioma inglês é
uma obra em desenvolvimento.
Para
mais informações
Aitcheson,
lean. 1991. Language Change: Progress or Decay? Cambridge: Cambridge
University Press.
Bryson,
Bill. 1991. Mother Tongue: The English Language. New York: Penguin
Books.
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