terça-feira, 7 de agosto de 2018

As transformações do idioma inglês



O idioma inglês está mudando?

Por: Betty Birner

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Sim, assim como todas as demais linguagens humanas! A linguagem está sempre mudando, evoluindo e se adaptando às necessidades de seus usuários. Isso não é uma coisa ruim; se o inglês não tivesse mudado desde, digamos, 1950, não teríamos palavras para nos referirmos a modems, aparelhos de fax ou TV a cabo. Enquanto as necessidades dos usuários continuarem mudando, as alterações na linguagem continuarão acontecendo. A mudança é tão lenta que, de ano para ano, dificilmente notamos isso, exceto para resmungar de vez em quando sobre o "inglês pobre" sendo usado pela geração mais jovem! No entanto, ler os escritos de Shakespeare do século XVI pode ser difícil. Se você voltar mais alguns séculos, passear pelos Contos de Canterbury, de Chaucer, será ainda pior, e com um retorno de outros 500 anos para tentar ler Beowulf, seria como ler num idioma diferente.

Por que a linguagem muda?

As mudança ocorrem por vários motivos. Primeiro, muda porque as necessidades de seus falantes mudam. Novas tecnologias, novos produtos e novas experiências exigem novas palavras para serem referidas de maneira clara e eficiente. Considere o envio de mensagens: originalmente era chamado de mensagem de texto, porque permitia que uma pessoa enviasse à outra texto em vez de mensagens de voz por telefone. À medida que isso se tornou mais comum, as pessoas começaram a usar o termo mais curto "mensagem" para se referir à mensagem e ao processo, ou seja, acabei de receber uma mensagem ou vou enviar uma mensagem à Sylvia agora mesmo.

Outra razão para a mudança é que duas pessoas não possuem exatamente a mesma experiência em um idioma. Todos nós conhecemos um conjunto de palavras e construções ligeiramente diferentes, dependendo da nossa idade, emprego, nível de educação, região do país e assim por diante. Pegamos novas palavras e frases das diferentes pessoas com às quais falamos, e elas se combinam para criar algo novo e diferente do modo particular de falar de qualquer outra pessoa. Ao mesmo tempo, vários grupos da sociedade usam a linguagem como forma de marcar sua identidade grupal; mostrando quem é e quem não é membro.


Muitas das mudanças que ocorrem na linguagem começam com adolescentes e jovens adultos. À medida que os jovens interagem com outras pessoas da mesma idade, seus vocabulários crescem para incluir palavras, frases e construções diferentes daquelas que marcaram a geração anterior. Algumas têm um tempo de vida curto (você tem escutado "groovy"ultimamente?), porém outras permanecem para afetar a linguagem como um todo.


Recebemos novas palavras de diversas fontes. Pegamos emprestado de outras línguas (sushi, chutzpah), criamos encurtando palavras mais longas (gym de gymnasium) ou combinando palavras (brunch, do breakfast e lunch), e as fazemos com nomes próprios (Levis, Fahrenheit). Às vezes até criamos uma nova palavra ao errarmos sobre a análise de uma palavra existente, como a palavra "pea" (ervilha) foi criada. Quatrocentos anos atrás, a palavra "pease" era usada para se referir a tanto a uma única ervilha ou a um grupo delas, mas com o tempo, as pessoas assumiram que "pease" era uma forma plural, para a qual "pea" deveria ser o singular. Portanto, uma nova palavra nasceu: pea A mesma coisa aconteceria se as pessoas começassem a pensar na palavra "cheese" como se referindo a mais de um "chee".


A ordem das palavras também muda, embora esse processo seja muito mais lento. A antiga ordem das palavras inglesas era muito mais "livre" do que a do inglês moderno, e mesmo comparando o inglês dos primórdios da modernidade encontrado na Bíblia do rei James com o inglês de hoje, existem diferenças na ordem das palavras. Por exemplo, a Bíblia do rei James traduz Mateus 6:28 como "Consider the lilies of the field, how they grow; they toil not." Em uma tradução mais recente, a última frase é traduzida como "they do not toil,”, porque o inglês não aloca mais o "not" após o verbo em uma sentença.


Os sons de uma língua também mudam com o tempo. Cerca de 500 anos atrás, o inglês começou a sofrer uma grande mudança na forma como suas vogais eram pronunciadas. Antes disso, 'geese' teria rimado com a pronúncia do 'face' de hoje, enquanto 'mice' rimaria com a 'peace' de hoje. No entanto, uma 'Grande Mudança Vogal' começou a ocorrer, na qual o som do 'ay' (em 'pay') mudou para ee (como em 'fee') em todas as palavras que o continham, enquanto o som do 'ee' mudou para i (como em 'pie'). No geral, sete diferentes sons de vogais foram afetados. Se você já se perguntou por que a maioria dos outros idiomas europeus soletram o som de um 'ay' como um 'e' (como em 'fiancé'), e o som 'ee' com um 'i' (igual em 'aria'), é porque esses idiomas não passaram pela 'Grande Mudança Vogal', ocorrida só com o inglês.


O inglês não era mais elegante nos dias de Shakespeare?

As pessoas tendem a pensar que as formas mais antigas de linguagem são mais elegantes, lógicas ou "corretas" do que as formas modernas, mas isso não é verdade. O fato de que a linguagem está sempre mudando não significa que ela esteja piorando; está apenas se tornando diferente.


Em inglês antigo, uma pequena criatura alada com penas era conhecida como 'brid'. Com o tempo, a pronúncia mudou para 'bird' (pássaro). Embora não seja difícil imaginar crianças em 1400 sendo repreendidas por trocarem 'brid' por 'bird', é claro que a pronúncia atual venceu. Ninguém hoje sugeriria que 'bird' é uma palavra incorreta ou uma pronúncia malfeita.


Os padrões estranhos da fala dos jovens tendem a irritar os ouvidos dos adultos. Além disso, novas palavras e frases são usadas primeiro na linguagem falada informal mais cedo do que na linguagem formal, escrita, por isso é verdade que as frases que você ouvir um adolescente usar, ainda não são apropriadas para correspondências oficiais. Mas isso não significa que eles sejam piores - apenas mais novas. Durante anos, professores de inglês e editores de jornais argumentaram que a palavra 'hopefully' não deveria ser usada para significar 'I hope (eu espero), como empregada em 'hopefully it won't rain today', embora as pessoas frequentemente a usassem dessa maneira em conversas informais. (Mas também ninguém reclamou de outros advérbios, como 'frankly' (francamente) e 'actually' (na verdade)). A batalha contra 'hopefully' está agora quase perdida, e aparece no começo das sentenças, mesmo em documentos formais.


Se você ouvir atentamente, poderá perceber a mudança de idioma em andamento. Por exemplo, 'anymore' é uma palavra que costumava ocorrer apenas em sentenças negativas, como 'I don't eat pizza anymore' (eu não como pizza mais). Agora, em muitas regiões do país, está sendo usada em frases positivas, como 'I've been eating a lot of pizza anymore'. Neste uso, 'anymore' significa algo como 'lately' (ultimamente). Se isso soa estranho agora, continue ouvindo; você poderá escutar isso em sua vizinhança em pouco tempo.


Por que as pessoas não podem simplesmente usar o inglês correto?
O "inglês correto", geralmente significa inglês padrão. A maioria das linguagens possuem um padrão; é a forma da linguagem usada no governo, na educação e em outros contextos formais. Mas o inglês padrão é na verdade apenas um dos dialetos do inglês.


O que é importante perceber é que não existe um dialeto "desleixado" ou "preguiçoso". Cada dialeto de cada idioma tem regras - não regras de 'sala de aula', como 'não dividam seus infinitivos', mas sim os tipos de regras que nos dizem que 'the cat slept' é uma frase de inglês, mas 'slept cat' não é. Essas regras nos dizem como é a linguagem e não como ela deveria ser.


Dialetos diferentes têm regras diferentes. Por exemplo:


(l) I didn't eat any dinner.


(2) I didn't eat no dinner.


A frase (l) segue as regras do Inglês padrão; a sentença (2) segue um conjunto de regras presentes em vários outros dialetos. Nenhum dos dois é mais desleixado do que o outro, apenas diferem na regra para fazer uma sentença negativa. Em (l), 'dinner' é marcado como negativo com 'any'; em (2), é marcado como negativo com 'no'. As regras são diferentes, mas nenhuma é mais lógica ou elegante que a outra. De fato, o inglês antigo usava habitualmente 'duplos negativos', semelhante ao que vemos em (2). Muitas linguagens modernas, incluindo italiano e espanhol, permitem ou exigem mais de uma palavra negativa em uma frase. Frases como (2) somente soam "ruins" se você não cresceu falando um dialeto que faça uso delas.


Você pode ter sido ensinado a evitar "infinitivos divididos", como em (3):


(3) I was asked to thoroughly water the garden.


Diz-se que isto é "não-gramatical" porque quebra o infinitivo 'to water'. Por que quebrar os infinitivos é tão ruim? Eis o motivo: os gramáticos do século XVII acreditavam que o latim era a língua ideal, por isso pensaram que o inglês deveria ser o mais parecido possível com o latim. Em latim, um infinitivo como 'to water' é uma única palavra; é impossível dividir. Então, hoje, 300 anos depois, ainda estamos aprendendo que frases como a (3) estão erradas, tudo porque alguém nos anos 1600 achava que o inglês deveria ser mais parecido com o latim.


Aqui está um último exemplo. Nas últimas décadas, surgiram três novas formas de relatar o discurso:


(4) So Karen goes, "Wow - I wish I'd been there!"


(5) So Karen is like, "Wow-I wish I'd been there!"


(6) So Karen is all, "Wow-I wish I'd been there!"


Em (4), 'goes' significa praticamente a mesma coisa que 'as said' (disse); é usado para relatar as palavras exatas de Karen. Em (5), significa que o orador está nos dizendo mais ou menos o que Karen disse. Se Karen tivesse usado palavras diferentes para a mesma ideia básica, (5) seria apropriado, mas (4) não seria. Finalmente, o 'all' em (6) é uma construção relativamente nova. Na maioria das áreas onde é usado, significa algo parecido, mas com emoção extra. Se Karen estivesse simplesmente relatando o tempo, não haveria problema em dizer: "She's like, são cinco horas". Por outro lado, seria estranho dizer: "She's is all, são cinco horas", a menos que houvesse algo empolgante em ser cinco horas.


É uma maneira preguiçosa de falar? De modo nenhum; a geração mais jovem criou três maneiras distintas, onde anteriormente só existia a palavra "said". A linguagem nunca vai parar de mudar; continuará a responder às necessidades das pessoas que a usam. Então, da próxima vez que uma nova frase irritar seus ouvidos, lembre-se de que, como tudo o mais na natureza, o idioma inglês é uma obra em desenvolvimento.
Para mais informações
Aitcheson, lean. 1991. Language Change: Progress or Decay? Cambridge: Cambridge University Press.
Bryson, Bill. 1991. Mother Tongue: The English Language. New York: Penguin Books.


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